Mostra Fundadores da USP

A mostra: “Os Fundadores” conta a história da Universidade de São Paulo (USP) a partir da trajetória dos professores que atuaram na primeira turma da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, unidade que sintetizou a fundação da universidade. A exposição, que vai até 12 de dezembro, faz parte das comemorações dos 75 anos da USP e presta uma homenagem àqueles que testemunharam sua fundação, em 1934. Para expor o currículo dos professores homenageados, a mostra fugirá do padrão “painel com foto e texto”. A tarefa será cumprida de forma lúdica e inovadora – os retratos e perfis dos docentes serão impressos e afixados em cadeiras com 1,80 metro de altura, que estarão dispostas de forma a permitir que o espectador transite entre elas e leia os textos que o interessarem. Também diferente será o local da exposição. Nada de espaços fechados: a mostra se dará na rua, em frente à nova Edusp, numa iniciativa que colaborará paras o processo de consolidação da livraria como um ponto de encontro e troca de informações culturais aberto a todos que circulam por São Paulo.

Objetivos

A exposição se integra às comemorações pelos 75 anos da Universidade, em um ciclo destinado à memória que teve também a mostra USP em obras – a construção da Cidade Universitária realizada no primeiro semestre, e que trazia imagens do processo de surgimento do campus atual. Sua realização é obra conjunta de Edusp, Comissão Executiva para as Comemorações dos 75 anos e Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Para o pesquisador Abílio Tavares, que participa da coordenação do projeto, a mostra tem como principal objetivo destacar o pioneirismo dos fundadores – grande parte estrangeira e jovem, o que sugere um certo espírito de “desbravamento” que havia nos docentes. “Quando analisamos a história, percebemos que eles compreendiam bem a ideia de que estavam fundando uma universidade”, conta Tavares. E é justamente por isso que a mostra traz falas dos professores que têm como principal foco a atividade corriqueira de dar aulas. Há declarações, por exemplo, que reforçam a importância de se aplicar provas finais; em outras, os professores sugerem como seria seu modelo ideal de aula. Tudo para enfatizar que havia um espírito de empreendedorismo, de construção de uma linha de trabalho – de uma Universidade, pois.

Globalizado

São 17 as cadeiras da exposição, e 34 os professores homenageados. Além de seu currículo e declarações, há também uma citação do ano em que os docentes vieram para o Brasil. É notável a baixa idade de alguns deles. O célebre sociólogo francês Claude Levi-Strauss, quando aportou aqui para ensinar na USP, tinha apenas 26 anos; Jean Magüé, também francês, da filosofia, chegou com 30; e o matemático italiano Luigi Fantappié iniciou sua trajetória na USP com 33. O pesquisador Abílio Tavares enfatiza que a pouca idade é também resultado de uma política planejada à época: “o que se determinou é que os professores que vinham para cá tinham que ter um espírito inovador, vontade de criar, de construir. Evitou-se, a todo custo, a contratação de ‘medalhões’”, explica. Outro aspecto que a mostra destaca são as diferentes origens dos docentes. Quando se fala na fundação da USP, um dos temas mais sabidos é a chegada de uma “missão francesa” que ajudou na constituição da Universidade; tal afirmação é correta, mas deve-se também destacar que há fundadores de outras origens, como Itália, Alemanha, Rússia – e até mesmo o Brasil. Tavares conta que a presença dos franceses se fez mais notada nos cursos de disciplinas como filosofia e sociologia; para áreas mais técnicas, como matemática e física, alemães e italianos eram bem-vindos. “Como Itália e Alemanha viviam sob regimes totalitários à época, evitou-se que professores de lá viessem para ensinar disciplinas voltadas à formação do pensamento. Aí se exigiu que a França fosse a referência, por se tratar de uma democracia”, diz. A entrada é franca. A mostra ocorre na avenida Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, térreo, Cidade Universitária, em São Paulo.

Mais informações: www.usp.br

Fonte: www.agencia.fapesp.br e www4.usp.br [com adaptações]