Ensino Religioso nas escolas estaduais fortalece respeito e reduz preconceitos


Conhecer para respeitar. Esta é a principal diretriz que os alunos do Colégio Estadual Maria Montessori, em Curitiba, recebem nas aulas de Ensino Religioso. “O principal ponto do trabalho é ensinar aos alunos que existem várias religiões e culturas que precisam ser respeitadas”, explica a professora Maria José Deganello.

Ela leciona ensino religioso nas 5ª e 6ª séries. “Procuro trabalhar na 5ª série organizações religiosas, lugares e textos sagrados e valores como a honestidade e o respeito, envolvendo os dois aspectos em situações do cotidiano deles”, explica.

Na 6º série são estudadas as origens históricas das religiões, festas e ritos, e como isso influencia na questão cultural das pessoas. “Como trabalho história e ensino religioso com a mesma turma, acabo complementando os conteúdos, fazendo uma relação interdisciplinar”, diz Maria José . A professora ainda comenta que os alunos estão sempre questionando sobre costumes religiosos, principalmente por que a mídia fornece para eles inúmeras questionamentos sobre o assunto.

Relatos

O aluno da 5ª série, Iago Gabriel Soeira de Barros, relata que, com as aulas, aprendeu que se deve conviver respeitando as religiões. “Todos rezam para Deus, mas cada religião tem um nome diferente”, conta.  A família do aluno também recebe os conteúdos aprendidos na escola. “Eu passo que tem que respeitar a religião dos outros, mostro meu caderno, a minha madrinha aprende e também conversa comigo sobre religião”, diz.

O colega de sala Igor Julian Gonçalves lembra que as pessoas colocam apelidos nas pessoas por causa da religião. “Existem religiões que são ofendidas por muitas pessoas, mas cada um tem a sua religião, todo mundo é igual, um perante o outro”, conta. Para a aluna Ana Carolina de Morais da Silva, as religiões precisam ser respeitadas porque, apesar das diferenças, possuem semelhanças. “As religiões são diferentes, mas têm aspectos iguais como os locais especiais para rezar”.

Quando se está num lugar sagrado diferente, com o modo de se vestir diferente, é preciso respeitar porque é cultural”, defende o aluno Fábio Henrique Correa. Ele ressalta que também gostaria do mesmo respeito a sua religião.

Proposta

Para as escolas públicas da rede estadual, a proposta é de um ensino religioso laico, ou seja, que não esteja ligado a nenhuma construção religiosa. “Assim, trabalha-se a maioria das religiões possíveis, estabelecendo um sistema de avaliação com o qual o aluno compreenda que existe uma grande diversidade, e independente da crença de qualquer pessoa, a função do cidadão é respeitar”, explica Elói Corrêa coordenador disciplinar da equipe de ensino religioso do Departamento de Educação Básica (DEB) da Secretaria da Educação.

As diretrizes curriculares de ensino religioso buscam superar as tradicionais aulas de religião, de teor catequético. “As diretrizes propõem que o ensino religioso, na formação básica do cidadão, socialize conhecimentos sobre as religiões no sentido de possibilitar o respeito à diversidade cultural e religiosa, vedada a qualquer forma de proselitismo”, diz.

Nas instituições religiosas específicas é que são feitas as doutrinações. No ensino religioso realizado nas escolas é pautado no estudo do sagrado. “Como o sagrado se manifesta nas mais variadas religiões, lugares sagrados, símbolos sagrados, textos orais ou escritos, nos ritos e festas, na concepção de vida e morte, nas suas organizações e líderes espirituais”, comenta Corrêa.

A Secretaria da Educação realiza cursos de formação continuada para os professores da disciplina. Ainda é disponibilizado um caderno pedagógico que trabalha algumas matrizes religiosas como africana, judaica, cristã, islâmica, hinduísta.

O Portal: Dia-a-dia Educação (www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br) tem uma série de materiais a respeito do assunto, além do próprio livro didático público. Também existem livros na biblioteca do professor que trabalham a história das religiões. As aulas de ensino religioso são ofertadas nas 5ª e 6ª séries. A disciplina é optativa e cabe ao responsável a realização da matrícula. As avaliações realizadas não são utilizadas para aprovação ou reprovação do aluno.


Fonte: http://www.aenoticias.pr.gov.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura