O Sol na iconografia Cristã - Por Antonieta Costa

Ultrapassando as resistências dogmáticas impostas pela Igreja Católica às práticas e crenças do chamado “paganismo”, verifica-se que muitas delas conseguiram a proeza de passar ao activo no Cristianismo, especialmente as relacionadas com o Sol.




Aliás, o Sol (segundo Mircea Eliade, no Tratado de História das Religiões), sofreu um processo de racionalização diferente dos restantes, para além de ser entendido como tendo uma relação directa com a imortalidade, “renascendo todos os dias”, o que não acontece com a natureza da Lua, que durante a sua fase de Lua Nova “está morta”.

Devido a esta “perpetuidade” e poder sobre a morte, o culto do Sol foi ligado ao “culto dos antepassados”, activo desde os monumentos megalíticos. O círculo, representando o Sol, aparece no halo radiante de Hélios sobre a cabeça de Apolo, passando à iconografia Cristã em cópia fiel. Também o quadrado inscrito dentro de um círculo foi a base inicial para os templos Cristãos, enquanto que uma cruz inscrita dentro de um círculo (a cruz Céltica), funcionou como solução para a implementação do Cristianismo na Irlanda, onde a cruz solar (um símbolo idêntico), constituía uma simbologia de grande tradição ligada ao poder “pagão”.

Devido à força deste símbolo Indo-Europeu, foi adoptado por Hitler (encimado por uma águia) e/ou desenrolada em braços quebrados - a suástica, copiada de antigas simbologias Indianas do Sol. Buda, tal como mais tarde o Imperador Romano Justiniano (c. 548), antecedem o uso do círculo - como halo - directamente na representação do sagrado, que coroa em forma de auréola as figuras santas do Cristianismo e o próprio Cristo.

Mais tarde este emblema é apossado por outras figuras do poder, como a família Imperial Russa, O Czar Ivan Alexander, mulher e filhos, representados em 1350 igualmente aureolados com o halo. Já anteriormente, cerca de 820, a Igreja tinha representado o Papa Pascal I aureolado em vida (neste caso, o halo tem forma quadrada).


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