Proibição de minaretes ameaça liberdade religiosa - Por Miguel Marujo


Nações Unidas, Vaticano, bispos suíços e Anistia Internacional unânimes na condenação dos resultados do referendo

A liberdade religiosa está ameaçada com a votação verificada no domingo na Suíça, em que foi proibida a construção de novos minaretes nas mesquitas muçulmanas. Um especialista em liberdade religiosa das Nações Unidas já veio lamentar esta segunda-feira o sentido de voto dos suíços, afirmando que tal proibição é claramente discriminatória dos muçulmanos.

O Vaticano, a Conferência Episcopal helvética e a Anistia Internacional também se juntaram no lamento e na condenação deste referendo. O presidente do Conselho Pontifício para as Migrações, monsenhor Antonio Maria Vegliò, afirmou que esta medida aumentará os problemas de convivência entre crentes de diferentes religiões.

Já Asma Jahangir, relatora especial para a liberdade de religião ou crença, sublinhou: “Estou profundamente preocupada com as consequências negativas que o resultado desta votação vai ter sobre a liberdade de religião ou crença dos membros da comunidade muçulmana na Suíça”.

“De facto, a proibição de minaretes equivale a uma restrição indevida da liberdade de manifestar a própria religião e constitui uma clara discriminação dos membros da comunidade muçulmana na Suíça”, reiterou Jahangir, ao lembrar também que o Comité de Direitos Humanos afirmou, há um mês, que tal proibição é contrária às obrigações do país no plano direito internacional e dos direitos humanos.

Das 180 mesquitas existentes na Suíça apenas quatro têm minaretes. A comunidade muçulmana tem 400 mil pessoas. O sim à proibição das torres das mesquitas recolheu 57 por cento de votos no referendo do domingo, numa iniciativa da extrema-direita do país, que usou como argumento o chamamento para a oração feito nos minaretes – que, na realidade, nunca é feito.

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