Padres na Revolução Pernambucana de 1817

Livro disseca partipação de religiosos na luta política de Pernambuco




A Revolução de 1817, um dos momentos mais marcantes da História de Pernambuco, ganha um novo olhar com o lançamento do livro: Os padres e a teologia da ilustração, do historiador Antônio Jorge de Siqueira. Fruto da pesquisa de doutorado do autor para a Universidade de São Paulo, o volume sai agora pela Editora Universitária da UFPE em edição revista, ampliada e adaptada para o formato livro. O lançamento acontece hoje (3ªf), 23/03/2010, às 19h, na Livraria Cultura (Rua Madre de Deus, s/n, Recife Antigo). Além da tradicional sessão de autógrafos, haverá a participação do historiador Denis Bernardes, apresentando a obra.

 
No livro, Siqueira se propõe a analisar a participação da Igreja Católica na revolução, explicando as razões que motivaram o engajamento dos religiosos na luta política. "Faço uma análise da participação do clero, tentando entender como ele se vinculou ao movimento republicano e de descolonização. Lanço um luz nova, faço uma releitura dos acontecimentos de 1817", explica o historiador. Para isso, o autor fundamentou sua pesquisa em fontes primárias, documentos e manuscritos da época que compõem o acervo do Arquivo Nacional.

 
A partir desses dados colhidos, Siqueira aponta as transformações vividas na Europa como influência para a adesão dos religiosos às manifestações contra a Coroa Portuguesa. "Muito do que aconteceu se deve à boa repercussão em Pernambuco da Reforma Pombalina em 1750. Esses estudos foram aplicados no Seminário de Olinda e propiciou o incremento na formação de intelectuais. De lá surgiram nomes como Vigário Tenório, Frei Caneca e o Padre Miguelinho", analisa o autor.

 
Com a Revolução de 1817, o Brasil entrava em sintonia com as ideias europeias, que vivia o Iluminismo. "Nada acontece isoladamente. Associo esse movimento não apenas às mudanças do Marquês de Pombal, mas algo mais amplo, ao ambiente propício deixado pela Revolução Francesa", defende Siqueira. Com base nessas propostas, o movimento também representou uma mudança de postura do clero em relação à monarquia portuguesa.

 
"O regime que existiaera o de padroado, onde a Igreja funcionava como um departamento do Estado. Então, quando os padres se rebelaram, não foi apenas contra Portugal, mas também contra o regime absolutista", conta ele. Mas o historiador revela que a revolução não foi uma mera aplicação dos pensamentos franceses e sim um protesto contra as condições econômicas e sociais do Nordeste.

"Os padres foram atores da revolução e intérpretes da carência do Nordeste, eles foram habilidosos na denúncia e na articulação", afirma Siqueira.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br

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