Biblioteca Strahov (século XII) - Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

O convento dos Premonstratenses (ordem religiosa fundada por São Norberto no ano 1120 d.C. em Prémontré, França) do qual faz parte a Biblioteca Strahov, foi criado em Praga, em 1143, pelo Bispo de Olomuc com apoio do arcebispado de Praga e do Príncipe da Bohemia (depois Rei) Vladislav e sua mulher Gertrude. A origem do acervo da biblioteca data da fundação do mosteiro.


A história do Monastério de Strahov e sua Biblioteca é muito longa e muito rica em episódios e não tenho aqui espaço para tanto. Vamos falar Biblioteca e de suas duas Salas, a Teológica e a Filosófica. São obras-primas do barroco e seu acervo é invejável sob todos os aspectos. Infelizmente, hoje em dia não podemos entrar e admirar essas magníficas salas: o visitante fica atrás de uma corda vermelha, o que não impede que veja os belíssimos tetos, as estantes recheadas de livros e os demais objetos que adornam o ambiente.
O teto da Sala Teológica é coberto por afrescos que descrevem passagens da Bíblia, sobretudo o Livro dos Provérbios. O trabalho em estuque que emoldura os afrescos é fantástico. No lado esquerdo do salão está uma imagem em madeira de São João Evangelista, exemplo do gótico tardio. Do lado direito a “roda da compilação”, encomendada pala biblioteca em 1678 e usada para compilar textos: o escriba distribuía os textos das várias fontes que usava nas prateleiras que giravam conforme sua necessidade e sem deixar que os livros escorregassem. São notáveis também os globos terrestres dos dois lados da sala.
No final do século XVIII, foi decido que a biblioteca necessitava de mais espaço e criaram a Sala Filosófica. O espantoso tamanho da sala (comprimento 32m, largura 22m e altura 14 m) é perfeito para o imenso afresco em seu teto, feito pelo pintor vienense Anton Maulbertsch que em 1794 levou seis meses para pintá-lo, com o auxílio de um único assistente. O tema é: “O Progresso Intelectual da Humanidade”: de um lado figuras como Moisés, a Arca da Aliança, Adão, Eva, Caim e Abel, Noé, Salomão e David. De outro, o desenvolvimento da civilização grega até Alexandre, O Grande pintado ao lado de seu mestre Aristóteles.
Numa das extremidades a ciência é retratada nas figuras de Esculápio, Pitágoras e Sócrates na cadeia. Na outra, cenas do Novo Testamento tendo como figura principal São Paulo pregando diante do monumento a um deus desconhecido no Areópago de Atenas.
Sobre os portões em ferro forjado que levam ao espaço que une as duas salas está escrito: Initium Sapientiae Timor Domini (O começo da sabedoria é o temor a Deus)., No acervo de mais de 200.000 volumes, a maioria impressa entre 1501 e 1800 há, além de livros sobre teologia e filosofia, tratados de astronomia, matemática, história, filologia, etc. Entre esses, a primeira edição da Enciclopédia coordenada por Diderot e d’ Alembert, o que prova a mentalidade liberal desses monges. A coleção de manuscritos, mais de 1500, por seu imenso valor, é guardada numa sala especial.
Fontes: http://www.strahovskyklaster.cz/webmagazine/page.asp?idk=294

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