Um passeio pelo sincretismo religioso - Por Gilson Hanashiro



História de João de Camargo atraiu a Sorocaba o sociólogo Florestan Fernandes, nos anos 1940, e resultou em um artigo.


A primeira capela oficial de João de Camargo, o religioso cuja história foi contada no filme “Cafundó” (2005), de Paulo Betti, foi construída em 1907. Três anos depois ela passou a ser ampliada pelo próprio João de Camargo e seus devotos. Esse pequeno trecho da história da igreja e da trajetória de seu fundador, que morreu em 1942, será contada neste sábado (25), das 15h às 17h, em mais uma edição do projeto Passeios Culturais, promovida pela Secretaria de Cultura de Sorocaba e realizada pela Biblioteca Municipal Infantil, em parceria com o Museu Histórico Sorocabano.

“Além da capela, João de Camargo construiu uma série de casas, em volta dela, para abrigar devotos que vinham de regiões distantes”, afirma o diretor da biblioteca infantil, José Rubens Incao, que é um dos coordenadores do passeio.


Apesar de pequena, a igreja oferece vários detalhes aos visitantes.

Em entrevista ao BOM DIA, o ator e diretor Paulo Betti ressaltou algumas características da igreja que lhe chama mais a atenção: “Ela tem o formato de uma igreja católica tradicional, com local para o coro e o orgão. Mas tem cômodos que foram sendo construídos atrás, misteriosos, tem uma passagem secreta atrás do altar. Na frente da igreja ficava a escola, projeto educacional de João de Camargo”.

A igreja fica ao lado do riacho da Água Vermelha. Conforme a pesquisa que Paulo Betti realizou para o filme, ele descobriu que o riacho recebe esse nome por causa do acidente que aconteceu ali com o menino Alfredinho, que foi arrastado pelo cavalo e seu corpo caiu sobre o riacho, tingindo a água de vermelho. “Talvez a cruz que foi colocada ali onde hoje está a igreja, em homenagem ao menino Alfredinho, ainda esteja em algum lugar da igreja”, comenta.

Sincretismo religioso

Gosto muito do clima que envolve a capela, da luz que filtra pelas pequenas janelas, observar as pedras nas paredes, as fotografias nas quais João de Camargo mostra como foi o milagre de sua iluminação”, ressalta Betti.

Esse clima recebe a contribuição das várias imagens que estão na parte interna e que denotam um sincretismo entre o catolicismo e religiões originárias dos povos afro-descendentes.

A capela e a figura humana de João de Camargo, ainda na década de 40, atraiu o renomado sociólogo Florestan Fernandes, que naquela época estava com 22 anos de idade. Ele chegou a Sorocaba para conversar com o místico religioso e como resultado de suas descobertas, o sociólogo escreveu um artigo intitulado: “Contribuição para o estudo de um lider carismático”.

Esse texto é de 1942 e está disponível no site do filme de Paulo Betti, no endereço: www.cafundo.com.br, no link bibliografia.

Os interessados em participar do Passeio Cultural devem ligar para 3231.5723, na Biblioteca Infantil, para fazer a inscrição.

O encontro do grupo será em frente à Capela de João de Camargo. Ao final, haverá apresentação da Corporação Musical Francisco Dimas de Mello, cujo patrono que dá nome à banda, foi um dos maestros da Corporação Musical São Luís, que era composta por músicos negros que tocavam na igreja de João de Camargo, acompanhando os cultos. A igreja fica na avenida Barão de Tatuí 1083, no bairro Vergueiro.

Fonte: http://www.redebomdia.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura