Publicação fala sobre sanitarismo e urbanismo no fim do séc. XIX


Arquivo Público do Estado lança livro sobre a história dos cortiços de Santa Ifigênia, bairro da capital paulista, no fim do séc. XIX, e fala sobre as questões de sanitarismo e urbanismo. Será na Estação Pinacoteca, no dia 27 de novembro de 2010, às 11h.



Os Cortiços de Santa Ifigênia: sanitarismo e urbanização (1893)
Simone Lucena Cordeiro (Org)
Coeditado por Imprensa Oficial e Arquivo Público do Estado de São Paulo.
224 páginas



“...cortiços e estalagens, casas de dormida, os prédios transformados em hospedarias, as vendas ou tascas, quase todas com aposentos nos fundos para aluguel, os hotéis de 3a. e 4a. ordem, transformados em cortiços”


E mais um impressionante contingente de 1.320 indivíduos em apenas 60 imóveis... O trecho acima parece ter saído de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, mas retrata São Paulo no fim do séc. XIX, segundo dados do Relatório da Commissão de exame e inspecção das habitações operárias e cortiços no districto de Sta. Ifigênia, de 1893, documento que está sendo publicado pela primeira vez em edição fac-similar acompanhado de três estudos críticos escritos por renomados pesquisadores.


 
O livro Os Cortiços de Santa Ifigênia: sanitarismo e urbanização (1893), organizado pela diretora do Centro de Acervo Permanente do Arquivo Público do Estado, Simone Lucena Cordeiro, e coeditado pelo Arquivo Público e a Imprensa Oficial, é um “esforço de divulgação de documentos relevantes para a História de São Paulo, e que façam parte do acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo”.

O Relatório compõe-se análises feitas por engenheiros e médicos sanitaristas do final do séc. XIX contendo quadros de levantamento de domicílios e suas plantas, além de tabelas populacionais relevantes para aquele período de epidemias, como a da febre amarela. Simone Cordeiro possui doutorado em História Social pela PUC-SP, com linha de pesquisa em Cultura e Cidade, tem experiência nas áreas de História, Arquivologia e Patrimônio Cultural.

“Trata-se de um documento fundamental para pensarmos algumas das diretrizes políticas de intervenção urbana, sanitária e em relação à habitação popular”, explica Cordeiro na apresentação do livro. O Relatório é dividido em oito capítulos que descrevem as habitações, as zonas afetadas pela epidemia, as medidas e providências a serem tomadas sobre a situação das vilas operárias e cortiços. É possível estudar as técnicas urbano-sanitárias, os propósitos mais amplos sobre a cidade que se queria construir, o tipo de moradia mais adequada, entre outros.

Junto a esse relatório, grandes projetos foram elaborados nas áreas de saúde pública, saneamento e abastecimento de água, como o Instituto Bacteriológico, os Laboratórios de Análises Clínicas e Farmacêutico, a canalização e retificação dos rios Tietê, Tamanduateí e Anhangabaú, a criação de um Código Sanitário, entre outras iniciativas necessárias em função do crescimento econômico e demográfico que levou à diminuição da qualidade de vida das principais cidades paulistas.

 
Além do Relatório, especialistas fazem análises do documento. Maria Stella Bresciani fala sobre o sanitarismo e a configuração do espaço urbano; Bresciani é professora titular da UNICAMP e é bastante conhecida por seus trabalhos em história do urbanismo na cidade de São Paulo e seus paralelos com o crescimento de cidades européias no século XIX. Maria Alice Ribeiro fala sobre os cortiços no distrito de Santa Ifigênia e é professora adjunta da UNESP; em suas pesquisas, tem dado ênfase na história da urbanização, da saúde pública, da industrialização e do mercado de trabalho. Jaime Rodrigues, professor adjunto da UNIFESP, trata sobre higiene e habitação operária em São Paulo. Em suas pesquisas, tem se voltado aos temas da escravidão, patrimônio histórico, organização de acervos e saúde pública.

Sobre o Arquivo Público do Estado de São Paulo

O Arquivo Público do Estado de São Paulo é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Vinculado à Casa Civil, sua função é formular uma política estadual de arquivos e recolher, tratar e disponibilizar ao público toda documentação de caráter histórico produzido pelo Poder Executivo Paulista. A instituição mantém sob sua guarda aproximadamente 6 mil metros lineares de documentação textual permanente, 17 mil metros de documentação intermediária, 900m de material iconográfico e uma biblioteca de apoio à pesquisa com 45 mil volumes.
 
Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura