Mostra "Herança Bizantina" traz tesouros iconográficos e litúrgicos da milenar Igreja Ortodoxa Grega

Relíquias bizantinas centenárias expostas no Memorial da América Latina.


São cerca de 250 peças raras que dificilmente saem de seus países e incluem ícones dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX.


A mostra está sendo organizada por Dom Athanasio I, Arcebispo Primaz do Brasil e América Latina e Presidente do Sínodo Grego Ortodoxo da Diáspora, um dos ramos (sínodos) em que se divide a Igreja Ortodoxa.


A exposição “Herança Bizantina” traz ícones, mosaicos, paramentos episcopais e sacerdotais, lamparinas que iluminam os ícones durante a liturgia, cálices, báculos, cruzes peitorais, mitras, turíbulos, evangeliários e livros antigos (teológicos e litúrgicos), itens do rito bizantino tão pouco conhecidos no Brasil e na América Latina. A organização da mostra tem a colaboração da Ordem Mundial dos Ortodoxos Hospitaleiros, do ateliê de iconografia bizantina Theotokos e da paróquia bizantina de Brasília Nossa Senhora do Bom Caminho, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de São Paulo e Academia Brasileira de Cultura, Arte e História.
 
No acervo contém itens da coleção particular de Dom Athanasios I, do bispo Nicolau (Gran Mestre dos Hospitaleiros Ortodoxos) e obras de monastérios Helênicos. Alguns itens estão vindo ao Brasil pela primeira vez e não sairão mais daqui, pois farão parte do patrimônio da Arquidiocese Ortodoxa Grega no Brasil, segundo Dom Athanasios, que está há 15 anos no país.

A iconografia é uma arte sagrada, espiritual tanto em sua essência quanto em seus objetivos. De acordo com resolução do VII Concílio Ecumênico “O ícone é para nós ocasião de um encontro pessoal, na graça do Espírito, com aquele que ele representa. Quanto mais o fiel olha os ícones, mais se recorda daqueles que estão ali representados e se esforça por imitá-los. Aos ícones ele testemunha respeito e veneração, mas não adoração, que é devida unicamente a Deus.”

Um dos aspectos interessantes da exposição são os ícones recentes, confeccionados no Brasil, no Ateliê de Iconografia Theotokos Pantanassa, (Brasília, DF), por Marina Sisson e pelo Pe. Francisco de Assis Feitosa; os mosaicos (1,10m x 0,80m) produzidos por monges da Paróquia Anunciação da Virgem Maria (Santo André, SP) que utilizam técnicas tradicionais introduzidas por Dom Athanasios I, com aproximadamente 2 quilos de pedras semipreciosas como lápis-lazúli, ágata, topázio imperial, ametista, que poderão ser adquiridos pelo público que visitar a exposição. A renda obtida com a venda das peças será utilizada para financiar obras sociais, como o orfanato de Bragança Paulista (SP), que abriga 250 crianças.

 
Ao Memorial interessa conhecer um pouco mais as tradições e a cultura dos cristãos ortodoxos, que são maioria na Grécia e no Leste Europeu. Em um momento histórico que ficou conhecido como Grande Cisma, no distante ano de 1054, os católicos romanos se separaram dos católicos do oriente.


Segundo Dom Athanasio I, “o episódio da separação oficializou-se da seguinte maneira: em plena liturgia dominical na Basílica de Santa Sofia, na presença do Imperador bizantino Constantinos Monomarros (chefe do Oriente e Ocidente) e do Patriarca de Constantinopla Michel Kirulários, os delegados do Papa de Roma Leão IX entregaram um libelo homologando que eles se separariam do oriente definitivamente. Ora, quem sai é que abandona a casa”. A partir daí os católicos do ocidente passaram a chamar os católicos do oriente de ortodoxos, “de uma forma pejorativa”, explica Dom Athanasio, “por considerá-los rígidos e tradicionalistas”.
 
Esses são fatos históricos pouco conhecidos no ocidente, embora a influência da Igreja Ortodoxa na música, nas artes sacras, na lei, na Filosofia e Teologia cristã seja inegável. Em um mundo em que as informações circulam com a rapidez da eletrônica, a cultura viva latino-americana está permanentemente interagindo com as manifestações culturais (artísticas, religiosas, científicas, filosóficas etc.) de outras partes do mundo.

Serviço

Exposição Herança Bizantina
25 de março a 7 de abril de 2011
Galeria direita do Auditório Simón Bolívar, portão 13
terça a domingo, das 9h às 18h
Entrada franca





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