Nos Estados Unidos, consórcio vê a arte como motor para recuperação econômica - Por Robin Pogrebin

Nos dois anos desde que se tornou presidente do Fundo Nacional para as Artes, Rocco Landesman está tentando argumentar que a arte serve como um apoio eficaz para o desenvolvimento econômico. Agora, em um amplo esforço para comprovar sua tese, ele ajudou a listar um consórcio incomum de fundações, corporações e agências federais que usaram empreendimentos culturais para ancorar e estimular 34 projetos, desde um quarteirão problemático em Detroit até uma escola desativada no East Harlem.


Os projetos receberão US$ 11,5 milhões em verbas das fundações e outros US$ 12 milhões em empréstimos de corporações, sob um programa que será financiado pelo setor privado, mas será coordenado em parte por agências federais. O programa ArtPlace, que será anunciado na quinta-feira, visa integrar artistas e grupos de arte aos esforços locais para desenvolvimento comunitário, dos transportes, habitação e criação de empregos como uma importante ferramenta de recuperação econômica.


“Nós realmente precisamos aumentar os recursos no campo”, disse Landesman. “Não será por meio de apropriação de verbas pelo Congresso.”


“Nós sentimos que se trabalharmos juntos e coordenarmos nossos esforços, isso terá um efeito multiplicador.”


Assim, em Saint Paul, Minnesota, o programa ajudará a garantir os esforços para realização de mais de 100 projetos de arte ao longo da nova linha de trem leve. Em Detroit, um trecho da Woodward Avenue ganhará um centro de música, corredores recreativos para pedestres, um melhor espaço de museu e um novo prédio para novas empresas. E a Escola Pública 109, no East Harlem, se tornará lar de 90 artistas e suas famílias, assim como oferecerá 1.200 metros quadrados de espaço para grupos comunitários e culturais.


Landesman ajudou a incubar o programa há mais de um ano com Luis A. Ubinas, o presidente da Fundação Ford, que está servindo como presidente do conselho dos presidentes da ArtPlace.


“Nós precisamos comunicar que as artes são mais importantes do nunca, que não podem ser deixadas para trás, que não podem ser cortadas”, disse Ubinas. “Muitas pessoas acham que as artes são luxos, como joias, coisas desnecessárias em tempos de necessidades, coisas que podem ser deixadas de lado. As artes são inerentemente valiosas e também fazem parte do que está acontecendo, para nos tirar deste problema econômico em que nos encontramos.”


Os projetos foram selecionados por um conselho independente de revisão após um pedido por propostas. Em Seattle, por exemplo, uma verba ajudará a financiar as atividades do Wing Luke Museum of the Asian Pacific American Experience, como parte de um esforço maior para ajudar o distrito de Chinatown-International.


“Nós estamos em um bairro étnico, urbano, com alta taxa de criminalidade”, disse Beth Takekawa, a diretora executiva do museu, que foi fundado há dois anos. “Está difícil para todos os negócios aqui. Nós meio que morreremos ou viveremos juntos.”


Em San Francisco, a construtora e incorporadora Forest City, juntamente com a Intersection for the Arts, um espaço de arte alternativo sem fins lucrativos, está desenvolvendo 16 mil metros quadrados nos distritos de Yerba Buena, Tenderloin e Market, convertendo propriedades como o velho prédio do San Francisco Chronicle, estacionamentos e depósitos vazios em empresas de cinema e mídia digital, estúdios de artistas e espaços para eventos culturais.


“A arte é um componente crítico do que faz as cidades prosperarem”, disse Alexa Arena, executiva da Forest City que está supervisionando o esforço. “Isto se trata de olhar para a vida do projeto, não apenas para seu aspecto físico.” As fundações envolvidas são a Fundação Ford, Fundação Andrew W. Mellon, Fundação Rockefeller, a Bloomberg Philanthropies, Fundação James Irvine, Fundação John S. e James L. Knight, Fundação Kresge, Fundação McKnight, Fundação Rasmuson e a Fundação Robina, assim como um doador anônimo.


É incomum as fundações unirem forças desta forma em apoio a uma única causa. “Parecia importante demais para não participar”, disse Don Michael Randel, presidente da Fundação Mellon. “O apoio às artes e humanidades é bastante frágil.” Os parceiros federais além do Fundo Nacional são os departamentos de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Saúde e Serviços Humanos, Agricultura, Educação e dos Transportes, juntamente com Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca e seu Conselho de Políticas Domésticas.


Apesar de não fornecerem verbas, as agências federais participam do conselho de presidentes do ArtPlace e das reuniões operacionais do conselho. O fundo de empréstimo de US$ 12 milhões está sendo fornecido pelo Bank of America, Citibank, Deutsche Bank, Chase, MetLife e Morgan Stanley. O valor médio de um empréstimo é de aproximadamente US$ 350 mil.


Os recursos para o programa são supervisionados pelo Fundo Financeiro Sem Fins Lucrativos, uma organização de consultoria financeira e de empréstimo sem fins lucrativos. Um segundo ciclo de financiamento terá início na quinta-feira, com os projetos podendo ser apresentados até 15 de novembro pelo site do programa.


A ArtPlace compara seu papel ao de fornecer capital de risco, semeando projetos que já contam com forte apoio local e os ligando à estratégia de desenvolvimento de uma área para atrair mais dólares públicos e privados. O fundo chama esta abordagem de “placemaking criativo” e a promove há 20 anos.


“Nós estamos dobrando os investimentos já feitos pela prefeitura”, disse Carol Coletta, a presidente do ArtPlace.

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