universidades - Por Frei Betto


Em que medida nossas instituições de Ensino Superior são verdadeiramente universidades, ou seja, se regem por um projeto pedagógico estratégico? Ou apenas formam profissionais destituídos de espírito crítico, indiferentes aos direitos coletivos e à exclusão social?

Um dos fatores de desalienação da universidade reside na extensão universitária. Ela é a ponte entre a universidade e a sociedade, a escola e a comunidade.

As universidades nasceram à sombra dos mosteiros. Estes eram erguidos distantes das cidades, o que inspirou a ideia de campus, centro escolar longe das inquietações cotidianas, onde alunos e professores vivem enclausurados. Como assinalava Marx, dali contemplam a realidade, encerrados na confortável câmara de uma erudição especializada que pouco ou nada influi na vida social.

Essa crítica à universidade data do século 19, quando teve início a extensão universitária. Em 1867, a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, promoveu um ciclo de conferências aberto ao público. Pela primeira vez, a academia abria suas portas a quem não tinha matrícula, o que deu origem à criação de universidades populares.

Na América Latina, a Universidade de Córdoba foi pioneira com a reforma feita em 1918, quando a classe média pressionou para que as universidades controladas pelo latifúndio e pelo clero se abrissem a outros segmentos sociais.

Nossas universidades ainda não priorizam o cultivo dos valores de nossas culturas nem participam do esforço de resistência e sobrevivência de nossa identidade cultural. O que deveria se traduzir no empenho para erradicar a miséria, o analfabetismo, a degradação ambiental, a superação de preconceitos e discriminações.

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