Paixão de Nova Jerusalém chega à 45ª temporada, em Pernambuco - Por Luna Markman


Há quatro décadas e meia, milhares de pessoas rumam ao Agreste de Pernambuco, durante a Semana Santa, para assistir ao espetáculo:


 "Paixão de Cristo”


encenada na cidade cenográfica de Nova Jerusalém, no Brejo da Madre de Deus, distante 180 Km do Recife. 


Gente de todas as religiões e cantos do mundo experimenta uma viagem no tempo ao pisar no chão árido rodeado de paisagens rochosas e cenários bíblicos, que contam a história dos últimos momentos de Jesus Cristo. A 45° temporada estreia nesta sexta-feira (30), recheada de novidades, e segue até o dia 7 de abril. O G1 acompanhou um dos últimos ensaios antes do início das apresentações, na última terça-feira (27/03).

Patrimônio material e imaterial de Pernambuco, o maior espetáculo ao ar livre do mundo se espalha por um terreno de 100 mil metros quadrados, cercado por muralhas, onde estão nove palcos-teatro. O local tenta retratar a Galiléia, na Judéia, dos tempos de Cristo. Quinhentos e cinquenta atores e figurantes relembram o Sermão da Montanha, os debates no Templo de Jerusalém, a ceia no Cenáculo, a prisão de Cristo no Horto, o bacanal no Palácio de Herodes, a sentença no Fórum Romano, a Via Sacra, o Calvário e, por fim, o Sepulcro, a câmara mortuária de onde o filho de Deus saiu para ressuscitar.
 
Novidades

Após dez temporadas, a peça volta a ter um Jesus pernambucano, vivido pelo ator Zé Barbosa. Ano passado, o protagonista foi o ator Thiago Lacerda. “O bacana é que quem é daqui já tem a cultura desse espetáculo na veia, pois ouve falar dele desde pequeno, mas isso não faz com que o nosso trabalho seja melhor. O importante é se dedicar ao papel”, disse o artista. Complementam o elenco Caco Ciocler (Judas), Mohammed Harfouch (Herodes), Ellen Rocche (Herodíades), Larissa Maciel (Maria), Wilma Gomes (Madalena) e Ricardo Neves (Pilatos).

O produtor executivo e coordenador geral da Paixão de Cristo, Robinson Pacheco, aponta mudanças significativas na cidade-teatro. Uma nova entrada foi construída bem ao lado das bilheterias - não é mais necessário o deslocamento pela estrada lateral. Ao entrar, o público vai encontrar uma alameda, toda pavimentada, e circular em meio aos jardins pela Via dos Profetas, ladeada por legionários romanos e homens da Galiléia. 

O caminho leva ao palco da primeira cena da peça. "Esse novo espaço vai proporcionar às pessoas uma espécie de viagem ao túnel do tempo, além de dar mais visibilidade à Pousada da  Paixão. Fizemos uma pesquisa e só 1% dos visitantes conheciam o local", disse.

O sistema de iluminação cênica e de som também trazem novidades. Foram investidos R$ 300 mil na contratação do light designer Vagner Freire, radicado em São Paulo e conhecido por trabalhar com iluminação de grandes encenações. “Ainda não vi como está, pois fico muito ansioso durante os ensaios”, brincou Robinson Pacheco. 

E mesas de som sem fio foram instaladas para que cada palco-teatro se interligue com mais eficiência a um computador central, dando mais veracidade às falas interpretadas pelos atores.

Outra renovação ocorreu no guarda-roupa, formado por 800 peças e seus respectivos adereços. “Nós repaginamos as roupas, que agora estão mais escuras, para contrastarem melhor com os cenários”, disse Marina Pacheco, 20 anos, que agora assume o figurino no lugar da tia Xuruca Pacheco. 

Por fim, novos efeitos especiais foram introduzidos, como a queda de blocos rochosos e a árvore na qual Judas se enforcou durante um terremoto na morte de Cristo, além caracterizações nas cenas com demônios e os momentos de flagelação e da coroação com espinhos. Todos essas mudanças custaram cerca de R$ 5 milhões e prometem dar mais realidade às cenas.

Para portadores de necessidades especiais, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova fez uma parceira com o Centro de Estudos Inclusivos da UFPE e agência Publikimagem para oferecer ao público com deficiência visual o sistema de audiodescrição. A novidade este ano é que também ocorrerá a descrição de todo o espetáculo por meio da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), favorecendo quem tem alguma deficiência auditiva.

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