Um profeta da esperança - Por Elcio Sant Anna




Com o falecimento do  Milton Schwantes, não pude deixar recorre a “choupana da minha memória” dos dias que relacionei-me com ele.

Quando comecei a ler os livros do Milton, o fiz no que considerei como serem os “anos de chumbo” na denominação a que eu pertenço. Logo após meus estudos tive contato com seus textos: Amós: meditações e estudos e Projetos de esperança: meditações sobre Genesis 1-11.  A partir de então nasceu uma admiração de leitor com aquilo que considera ser uma escrita soberba.

Nos anos que se seguiram meu acesso a obra de Milton, foi pontificada por textos que considerava ser boas pegadas para o seguimento de um discípulo, como fora o caso da Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana no1: Leitura popular da Bíblia e outros. No entanto nunca fui próximo de Milton Schwantes. Era um caso de admiração platônica.

Em 2001 no contexto de uma banca de mestrado de meu amigo Osvaldo Luiz Ribeiro, fomos apresentados. Milton falou comigo, como se me conhecera há muito tempo. Eu não sabia que esta era uma das suas características mais marcantes: fazer amigos, com relacionamentos intensos.

Quando nos encontramos novamente, setembro de 2004, após realizar uma comunicação, Milton me deu algumas orientações que pude acatar. Naquele mesmo ano Haroldo Reimer, ex-professor e amigo, disse-me que deveria procurar o Milton para seguir meus estudos bíblicos com ele.  Em meu primeiro contato telefônico com o professor Milton, foi surpreendido com o fato, de que ele sabia quem exatamente eu era que artigo havia escrito, lembrava-se da minha comunicação um ano antes, e se dispôs a me receber.

Nunca me esqueci disto, era um homem que levava muito a sério as relações com seus alunos. Dentre a constelação de alunos que ensinara sempre nos particularizava de alguma forma. Milton cria no potencial dos seus alunos. Suas aulas eram um privilégio para aqueles que dela participavam. Muitas vezes nos apresentavam estudos saídos “quentes dos fornos”.

Tive a oportunidade de co-celebrar um casamento com Milton, isto foi uma alegria bastante acentuada por estamos entre amigos. Em dezembro de 2008 tive a grata satisfação de levá-lo a minha igreja (Primeira Igreja Batista de Mesquita) por ocasião do chamamos de I Encontro de Convergência de Leitura Bíblica e Intervenção Social No dia seguinte Milton pregou em nossa igreja. Milton batucava nossos cânticos, e com entusiasmo nos falou da alegria de sermos todos cristãos e do fato que tínhamos bons motivos para nos unirmos a outras comunidades de fé para favorece o desenvolvimento humano em nossa região (Baixada Fluminense).

Quando disse-lhe que estava vindo para Belém do Pará, Milton me disse que então viria também. Isto eu sabia que era fruto de impulso da sua “alma totalmente corporativa”. Milton gostava de está próximo e não distante. Não sabia eu que era a última vez que nos falaríamos.

Desde então, voltei a ler Milton, agora não só com a admiração de um leitor distante. Mas com a admiração de alguém que podia atestar quão grande era a vida do profeta esperançoso: Milton Schwantes.

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