Igreja e saúde: mais do que espiritualidade em portugal


A importância da ação da Igreja no acompanhamento espiritual, cuidados médicos e ação social em Portugal foi sublinhada por alguns dos participantes no 

24.º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde


que decorre até sábado em Fátima.

Constantino Sakelarides, antigo responsável máximo da Direção Geral de Saúde, salientou à ECCLESIA o “papel espiritual” dos católicos, concretizado numa “energia de imaginação e esperança” que é “importantíssima para a sociedade”.

O especialista em Saúde Pública destacou também o trabalho no setor social, que considera “fundamental para o prolongamento dos efeitos do Serviço Nacional de Saúde”, nomeadamente junto das pessoas excluídas e dos “novos pobres”, população que os “sistemas formais públicos” têm mais dificuldade em apoiar.

O presidente do Centro Hospitalar de Leiria-Pombal, Hélder Roque, está convicto de que as misericórdias e instituições particulares de solidariedade social da Igreja “ocupam um papel fundamental no apoio aos mais desfavorecidos”.

“Muitas vezes pensa-se que a Igreja tem apenas atenção à parte espiritual e, neste campo, somente à vertente religiosa. Não é verdade. Queremos ter em atenção o Homem todo”, frisou por seu lado o coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, monsenhor Vítor Feytor Pinto.

“A Igreja é uma defensora acérrima do Serviço Nacional de Saúde porque é uma garantia de todos os portugueses terem acesso aos cuidados médicos”, sustentou o sacerdote.

Os católicos “querem encontrar fórmulas que permitam atenuar as dificuldades económicas, sobretudo dos mais pobres e dos que mais sofrem”, ao mesmo tempo que colaboram com as autoridades de saúde para responder a problemas como a falta de sangue ou as ondas de calor e de frio, acrescentou.

Por isso, apontou, as paróquias “devem organizar-se para responder a estes problemas, conhecer os seus doentes e as pessoas isoladas”: “Não é apenas pensar, quando alguém está quase a morrer, em levar-lhe a Santa Unção. Já lá vai esse tempo. Temos de acompanhar a pessoa permanentemente”.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga, vincou que os católicos têm de “chamar a atenção para as obrigações do Estado” no setor da saúde, encargos a que nenhum Governo "poderá furtar-se”.

O arcebispo de Braga disse que o Estado “tem o dever e a obrigação de cuidar dos cidadãos”, o que não implica que ocupe de maneira “absolutista” todo o espaço dos cuidados médicos, pelo que deve apoiar o desempenho de organizações da sociedade civil nesta área.

Hélder Roque assinalou que “a preocupação do controlo dos custos” no Centro Hospitalar de Leiria-Pombal “nunca interferiu com a parte assistencial porque as pessoas estão primeiro”.

“Tentamos aliviar o sofrimento daqueles que nos procuram e dar uma resposta com qualidade e em tempo oportuno. Temos de conjugar esta missão com as questões económicas e financeiras”, afirmou.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, é uma das personalidades que participam na sessão de encerramento do Encontro Nacional, juntamente com D. Manuel Linda, bispo auxiliar de Braga, monsenhor Vítor Feytor Pinto e padre José Nuno, coordenador nacional dos capelães hospitalares.

Comentários

Eunice Vaz Yoshiura disse…
Isto é um exemplo concreto do que é verdadeiramente praticar os dois primeiros mandamentos: o amor a Deus e ao próximo!

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