Intolerância religiosa: Polêmica vai além das salas de aula - Por Náferson Cruz

Confusão em escola motivou denúncia a secretarias nacionais. Alunos evangélicos se recusaram a fazer um trabalho interdisciplinar sobre a cultura afro-brasileira

O coordenador-geral da Coordenação Amazônica da Religião de Matriz Africana e Ameríndia (Carma), Alberto Jorge Rodrigues, vai solicitar a fiscalização e o acompanhamento dos alunos evangélicos da escola estadual Senador João Bosco de Lima, na Cidade Nova, Zona Norte, que se recusaram a fazer um trabalho interdisciplinar sobre a cultura afro-brasileira.
Os alunos entendem que o trabalho passado a eles “faz apologia ao satanismo e ao homossexualismo”, proposta que contraria a crença deles.  O documento será protocolado hoje junto às secretarias de Direitos Humanos e da Políticas da Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, em Brasília.
O coordenador da Carma, Alberto Jorge, lamentou o episódio e o classificou como um desrespeito aos descendentes afros que tiveram um importante papel para a construção do País.
“Isso é apenas a ponta de um iceberg, há uma guerra religiosa oculta e, por trás de tudo isso, há vários segmentos envolvidos, propagando o preconceito e racismo institucional”, disse.
Alberto Jorge contou que participava do 1º Encontro das Culturas Negras, em Salvador, onde se discutiu uma série de ações em prol da memória e consciência negra, quando soube do ocorrido. Na oportunidade, ele relatou o fato num discurso para uma platéia formada por especialistas, acadêmicos e artistas, o que rendeu debate entre os participantes.
“Isso não pode ser tratado como um fato simples, pois estamos lidando com a formação de valores e difusão de cultura, que acontecia de maneira perene e que contribuiu demais para a visibilidade das comunidades afrodescendentes no País”.
 

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