Seminário Mãe de Deus (no Paraná) será reaberto em 2013 - Por Guilherme Capello


O Seminário Mãe de Deus surgiu em Irati em 1982 com o intuito de acolher seminaristas que estivessem cursando, na época, o ginásio e o segundo grau. 

Porém, algum tempo mais tarde, o local passou a acolher apenas garotos do ensino médio e, por isso, houve um decréscimo no número de futuros padres.

O pároco da Igreja São Miguel e coordenador do Seminário Mãe de Deus, Athanagildo Vaz Neto, afirma que o local teve de ser fechado, pois não era mais sustentável, graças ao baixo número de seminaristas. “Era complicado dispensar um padre para tomar conta de apenas quatro pessoas, afinal, cada pároco cuida de uma comunidade inteira, com mais de duas mil pessoas”, afirma.

Após o fechamento do seminário, houve uma reestruturação da Pastoral Vocacional. A coordenação passou para o padre Fábio Sejanoski que desenvolveu um trabalho visando conseguir mais garotos para o Seminário Menor através de propaganda vocacional. “Quando vimos que o trabalho deu frutos, resolvemos reabrir o seminário”, diz o padre Atanagildo.

Ele volta a funcionar a partir de 2013. Porém, o número de seminaristas ainda não é exato, de acordo com o padre, mas ele indica que serão mais de dez garotos a começarem os estudos para ser tornar padres.

O seminário menor é a primeira fase para os que pretendem seguir o caminho eclesiástico. Nesta fase, são apenas garotos do nono ano ao terceiro ano do ensino médio. Os jovens não fazem o ensino formal no seminário, mas sim em escolas regulares de Irati.

O dia-a-dia no Mãe de Deus vai começar bem cedo com a oração da manhã ou, em alguns dias, a missa e logo em seguida os seminaristas vão para o colégio. Ao voltarem, há a oração do meio-dia e o almoço. No começo da tarde os garotos irão fazer o trabalho interno, como limpeza e organização do local e também fazem os serviços externos de jardinagem e horta. “É algo simbólico, para que eles tenham uma ocupação”, explica o padre Athanagildo. 

Depois do café da tarde, começa o horário de estudos da escola regular, ou seja, produção de trabalhos e tarefas de casa. Já o fim da tarde é dedicado ao estudo católico. “Virão pessoas, padres ou não, para fazer a formação com os garotos. Os temas são aqueles relacionados à fé católica, à dimensão humana, entre outros. São assuntos que têm a ver com a vida do vocacionado”, explica o padre Athanagildo. O fim de semana vai ser um momento livre para os seminaristas fazerem o que quiser e terão acesso para sair e entrar no local.

O padre Athanagildo afirma que não é algo “militaresco” como antigamente, mas um espaço para que os garotos possam atingir seus potenciais e colocá-los à disposição da comunidade. “Na época em que eu fiz o seminário tudo era mais complicado. A rigidez era demais. Mas hoje os meninos têm mais liberdade para saírem e visitar amigos e família durante o fim de semana”, aponta.

Vida de seminarista

Para os garotos que começam o Seminário Menor já no nono ano do Ensino Fundamental, a caminhada até a ordenação é de 13 anos.

São quatro anos no Seminário Menor realizando as atividades já descritas. Após o término dessa fase inicia-se o Ano Propedêutico, realizado no Seminário Mãe da Divina Graça, em Carambeí, para os vocacionados que realizam os estudos na área da diocese de Ponta Grossa. O Propedêutico é um ano de formação mais intensiva. 

“É um ano mais limitado e a convivência é mais próxima, pois não há a caminhada espiritual e nem colégio”, esclarece o padre Athanagildo. É um ano para o seminarista entender a vivência comunitária e discernimento vocacional.

Após este ano, os seminaristas vão para o Seminário São José, em Ponta Grossa. Lá, eles farão por três anos a graduação em Filosofia. O padre Athanagildo explica que, apesar de muitas pessoas pensarem que os futuros padres farão uma Filosofia Eclesiástica, o curso é o regular, igual ao que os outros alunos fazem. “Um dos melhores professores que eu tive na faculdade era ateu. É a filosofia essencial”, afirma. 

A única diferença é que os seminaristas não fazem algumas disciplinas, por isso o curso se reduz a três anos. Quando finalizada a graduação, os vocacionados vão para outro seminário em Ponta Grossa, o João Maria Vianney, onde passam mais quatro anos. Neste seminário é ministrado o curso de Teologia, que é o estudo de Deus com base na revelação, ou seja, este curso é voltado para o aprendizado católico de forma extensiva. 

“Para estudar a teologia cristã é preciso ter o conhecimento prévio do Antigo Testamento, que é uma teologia judaica, mas sempre com foco na revelação feita por Jesus Cristo”, esclarece o Padre Athanagildo. Após graduado em Teologia, o seminarista entre no Ano Pastoral, no qual ele deixa o seminário e vai para uma paróquia a fim de auxiliar o padre e também aprender mais sobre o dia-a-dia da paróquia.

Por ser uma formação personalizada, não uma idade mínima para o vocacionado entrar no Ano Propedêutico, que seria o primeiro para os que não fizeram o Seminário Menor. “Cada pessoa vai ser vista de acordo com sua realidade”, diz o padre Athanagildo. Para exemplificar a situação, ele conta a história do padre Juarez Teles que foi ordenado com 72 anos. Ele tinha sido seminarista durante sua juventude, tendo inclusive realizado uma parte de seus estudos nos Estados Unidos. 

Porém, lá ele teve um problema de saúde e teve de voltar ao Brasil para se tratar. Nesse tempo, Teles não voltou aos estudos eclesiásticos e se casou. Após 40 anos de matrimônio, ele ficou viúvo e decidiu ser diácono permanente. No entanto, o padre de sua comunidade o informou que ele poderia se tornar pároco. Por conta de sua idade avançada e toda a sua formação prévia, o bispo permitiu que ele fizesse apenas as matérias essenciais da teologia e, sendo assim, Teles fez apenas três anos de seminário e foi ordenado padre.

Seminário Mãe de Deus

Até o momento, o padre Athanagildo é quem está responsável pela estruturação e administração do Seminário. Porém, não será ele o responsável a partir do próximo ano, visto que o padre reitor do local deve ter dedicação exclusiva e Athanagildo já é o pároco da Igreja São Miguel, uma das mais importantes de Irati.

Para assumir o cargo de reitor, foi nomeado o padre Martinho Luiz Hartmann que trabalha, até o fim deste ano, na Paróquia Menino Deus, de Reserva, e assume o Seminário já em janeiro de 2013.

O estabelecimento é mantido pela diocese de Ponta Grossa, que é responsável por 17 municípios e 45 paróquias. Do dinheiro do dízimo e doações feitas pelos fiéis, uma parte é destinada para os seminários da diocese.

Padre Athanagildo acredita que a volta do Seminário Mãe de Deus em Irati é um sinal, pois mostra como Deus atende às orações. “As pessoas rezam, pois têm alguma necessidade. Para isso, elas precisam de um sacerdote, uma pessoa de Deus e quando há um espaço para se formar estas pessoas em sua cidade, Deus mostra que está atendendo às pessoas”, aponta.




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