As religiões do imenso continente face aos desafios da globalização – Por Fernando Filoni



A globalização mundial e os rápidos processos de transformação social, económica e cultural fazem perguntas  fundamentais às religiões históricas que se desenvolveram na Ásia. 


A interrogação fundamental pode ser expressa do seguinte modo: como fazer transitar o próprio património de crenças, valores, expressões de culto nos actuais contextos específicos, nos quais tradições  seculares convivem de facto com novas formas culturais, determinadas pela difusão da tecnologia a todos os níveis, pela crescente  urbanização, pelo desequilíbrio dos processos de desenvolvimento económico no âmbito dos diversos Estados, pela interligação económico-política entre Estados e blocos socioculturais? 

No passado o percurso era sobretudo de Ocidente para Oriente, diria que hoje se começa a afirmar uma nova tendência, a que vai de Oriente para Ocidente, e isto não só devido às migrações, ao turismo ou ao comércio. 

As sociedades abriram-se e muitas barreiras foram derrubadas, independentemente dos corporativismos político-religiosos. Na realidade, devo dizer que a Grande Muralha, como instrumento de defesa político-militar, nunca funcionou muito, mas certamente foi mais em termos simbólico-identitários. 

A tradição cultural certamente é a mãe de qualquer saber e muitas vezes de identidades, mas ela hoje sofre duramente as provações da contemporaneidade. Que síntese nascerá disto? 

Deve dizer-se que esta síntese já está a em acto, mesmo se nem sempre conseguimos captá-la no momento. Portanto, que sociedade teremos? Como saberão responder as religiões? 

Sem dúvida de agora em diante não estaremos só à escuta da Ásia, que implica a atitude do não asiático rumo à Ásia (one way), mas de uma Ásia que ouve e se fará ouvir (double way), e nos dirá também quais os caminhos que a fé deve percorrer.


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