Olívia: “Ele [Marcel Moraes] está mexendo com a alma da cidade” – Por Erikson Walla



A ex-vereadora Olívia Santana, que esteve na Câmara Municipal de Salvador (CMS) por dois mandatos e se destacou pela defesa da diversidade religiosa, comentou as declarações do vereador Marcel Moraes (PV) sobre o sacrifício de animais durante os rituais do Candomblé. 

O edil afirmou ser contra a pratica e causou polêmica ao anunciar que pretende apresentar um projeto para proibir o sacrifício.

Olívia, que é autora do projeto que instituiu o 21 de janeiro como o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, qualificou como “racista e elitista” a postura de Moraes. Nesta entrevista, a ex-vereadora, que hoje é chefe de gabinete da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), afirma que o vereador está “mexendo com a alma da cidade”.

A polêmica

Eu acho estranho comprar uma briga dessas contra as religiões de matriz africana. Tenho o maior respeito aos animais, acho que temos que preservá-los, entretanto, é preciso entender os significados culturais, religiosos, simbólicos.

Outras religiões

Não é apenas o Candomblé que, em determinadas situações, oferece os animais como alimento para as suas referências espirituais. A religião judaica também sacrifica o cordeiro. Então, diversas religiões trazem em si a prática do sacrifício de animais, oferecendo às divindades. O Candomblé se insere neste contexto.

Violência simbólica

Em uma cidade que tem uma forte presença da religião de matriz africana, o vereador resolver enfrentá-la, eu acho uma temeridade. Significa uma ação de violência simbólica de enfrentamento ao Candomblé, que já é perseguido secularmente, aí vem um vereador para aprofundar ainda mais essa perseguição.

O outro lado

A perseguição é resultado de práticas racistas, elitistas, de não-compreensão de significados culturais e, portanto, os terreiros têm que ser convidados pra discutir esse projeto. Ele está mexendo com a alma da cidade.

Intolerância
É louvável o trabalho do vereador contra o maltrato dos animais. Essa luta ambientalista é valorosa. No entanto, no que tange à religião de matriz africana, esse tipo de legislação converte-se em intolerância religiosa. Se esse projeto é aprovado, se converterá em intolerância. Nosso trabalho é para garantir a diversidade religiosa.


Fonte: http://www.vermelho.org.br




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