Romance reconstrói a história da teologia – Por Ana Elizabeth Diniz

Tiago, um rapaz abatido e descrente em decorrência da morte de seu pai, é consolado por seu tio Paulo, que tenta reconduzi-lo ao caminho da fé.

Paulo relata ao sobrinho a história de Heitor Levy, engenheiro judeu que se tornou cristão após passar cinco anos trabalhando na construção da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Narra, também, a trajetória dos personagens históricos conhecidos como doutores da Igreja, que foram grandes pensadores da doutrina católica, além de falar sobre a própria vida de Jesus.

Essa é a linha condutora de “O Mistério do Corcovado”, livro de estreia de Alexandre Pinheiro, 38, pela Prata Editora.

O autor é carioca, bacharel em direito e em teologia, tendo obtido o título de mestre em direito canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico, vinculado à Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), com a dissertação: “O Santuário Cristo Redentor do Corcovado”.

Alexandre conta que a ideia de escrever seu primeiro livro surgiu de outro livro, “O Mundo de Sofia, Romance da História da Filosofia”, de Jostein Gaarder. “Minha intenção foi escrever um romance da história da teologia”, diz.

O mestrado em direito canônico foi fundamental para a definição do rumo da narrativa. “A teologia é o estudo sobre Deus. No livro, procuro torná-la simples, acessível, como deve ser. Deus está de braços abertos a todos, não apenas aos estudados. Na espiritualidade cristã, Jesus, o Cristo Redentor, é a revelação de Deus. O monte Corcovado aponta para Deus, assim como toda natureza”, diz o escritor.

Ele explica que a palavra “Cor quo vado”, em latim, significa “coração, para onde vou?”. “É um sinal de que podemos encontrar Deus no nosso próprio coração”.

No livro, Alexandre aborda o legado dos portugueses após o descobrimento. “A cruz no Corcovado é a mesma que chegou com as caravelas de Portugal. Essa fé foi importante na formação da nossa identidade nacional”.

Mas o mistério sobre o qual o autor discorre no livro é um coração esculpido no peito da estátua do Cristo Redentor. “O monumento foi erguido entre 1926 e 1931, e Heitor Levy deixou uma carta dentro do coração de pedra. O mistério é Deus, revelado, mas ainda escondido, ou então não seria Deus”, insinua Alexandre.

Aprendizado. O leitor vai aprender muito sobre Jesus e os grandes pensadores do cristianismo, como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. “Os santos e mártires apresentam Deus à humanidade, revelando, cada vez mais, o rosto de Jesus Cristo. Cada pessoa que encontra Deus verdadeiramente cumpre essa missão, tornando o mundo um lugar melhor”, diz o autor.

Alexandre considera que há alguma relação entre a trajetória mística desses santos e o Corcovado. “Sem dúvida alguma, esses santos também apontam para o Cristo Redentor. Além disso, para a mística católica, Jesus está realmente presente no Corcovado, na capela do monumento, onde está a hóstia consagrada, a Eucaristia, celebrada em cada missa”, diz, ressaltando que “é o ponto alto da espiritualidade cristã, uma mística que conduziu a vida desses santos, pronta a ser redescoberta”.
“Por isso, o monumento ao Cristo Redentor é também um santuário, um lugar santo, não só de turismo, mas também de espiritualidade e oração. O livro é uma partilha da experiência mística de todos esses santos, dentro de um romance, para que o leitor também tenha um encontro com Deus”, afirma.

Fonte: http://www.otempo.com.br






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