O lado podre e milionário da religião – Por Gilson Vasco

Nasci dentro da Igreja Católica, cresci frequentando-a cotidianamente e foi nela que realizei os primeiros sacramentos, como batismo, primeira comunhão e crisma. 

Continuo no catolicismo por entender que não devo fugir das minhas raízes culturais, a não ser que eu esteja convicto de que exista outro segmento religioso mais fiel à Bíblia, o que ainda não encontrei, de fato. 

Convencido mesmo eu estou de que a sociedade é perpetrada de discurso e não da prática. Digo isso para demonstrar a minha indignação para com os dissimuladores que se camuflam com um perfil religioso, mas que, no íntimo, são verdadeiros bandidos. 

Veja, por exemplo, o caso de falsos padres pedófilos que enquanto pregam um discurso no altar, diante dos fiéis, fora dele praticam atos abusivos com crianças inocentes, principalmente com meninos. Daí um dos motivos da perda de fiéis.

Assim como um emaranhado de leitores do Diário da Manhã, eu também estou horrorizado com a matéria do dia 19, que trouxe como tema: “Pastores mais ricos” do Brasil. A surpresa maior não foi em saber que eles são tão ricos, a admiração está na abundância financeira que cada um possui! 

A religião está dando elevadas margens de lucros mesmo, uma vez que quantias entre R$ 130 milhões de um, R$ 255 milhões de outro, R$ 305 milhões de outro ainda, e, incrivelmente, quantias bilionárias, quase dois bilhões do pastor evangélico mais rico do País.  

Há segmentos religiosos que chegam até a criticar as reportagens, se defendendo e se passando por vítimas de preconceito contra os evangélicos, mas a grande verdade mesmo é que a imprensa tem divulgado, com razão, muitas falcatruas desenroladas dentro do meio católico e de outras continuações religiosas não evangélicas. 

Diante disso, vale a pena questionar: Compensa frequentar alguma instituição religiosa? Bem, apesar de não ter nada contra aqueles que gostam de visitar os bares, defendo que é melhor visitar uma igreja a um bar. 

Os próprios fiéis garantem que o dízimo é bíblico e o fim para o qual ele é destinado é de inteira responsabilidade do chefe da igreja. Particularmente, continuarei frequentando uma igreja, mas com sabedoria suficiente para não passar dos limites. 

Não posso ser mais um fiel a serviço de pastores que, muitas vezes, abusam da ingenuidade religiosa dos seus seguidores para se enriquecerem demasiadamente, enquanto milhares de humanos passam fome por todo o mundo. 

Meu compromisso é com Deus Verdadeiro e não com religião, não me coloco a serviço de padres ou de pastores que usam o status para se autobeneficiarem.

Respeito muito a Igreja Católica, principalmente pela criação da Pastoral da Criança, programa que já salvou milhares de crianças, do mesmo modo que dou importância aos muitos pastores evangélicos que realmente buscam semear o evangelho, sem pensar em lucros exorbitantes, porém, repudio o lado podre e milionário da religião, quando Jesus Cristo, em carne e espírito, aqui na Terra, nos mostrou muitos exemplos de simplicidade e humildade. 

Reconheço que todo cidadão necessita elevar seus padrões de vida, tanto cultural quanto financeiro, mas querer acumular riquezas exorbitantes numa nação faminta é navegar nos mares da falta de partilha. Aliás, não é isso que eles pregam: Partilha?


(Gilson Vasco, professor, escritor e pesquisador de assuntos juvenis).



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