Conheça o Santuário Nacional de Umbanda

Em um pedaço da mata atlântica, entre as cidades de Santo André e São Bernardo do Campo, na Estrada do Montanhão, natureza e religião se unem. 

Um local dedicado e construído para o culto das religiões afro descendentes, o Santuário Nacional de Umbanda. Um parque ecológico rodeado de verde, cachoeiras e as imagens dos orixás.

As instalações do local para a realização dos cultos religiosos se espalham por 5% da área de 645 mil m², o restante é mata. Formando assim um ambiente agradável e de paz, construído e pensado para rezar, festejar e oferendar. No inicio dos anos 60, uma pedreira que funcionava em uma parte do terreno foi desativada. Houve um grande desmatamento com o consequente empobrecimento do solo.

O presidente da Federação  Umbandista do Grande ABC, Ronaldo Antonio Linares, o pai Ronaldo, de 80 anos, e fundador do Santuário, conta como encontrou o local: 

“Imagina 50 anos de exploração com dinamite, o local era um clarão rodeado de rochas partidas, o verde não existia mais”, lembra Ronaldo e afirma que as pedras foram utilizadas para a construção da rodovia Anchieta.

Para recuperar o local, que foi concedido para a federação há 42 anos, foi necessário a ajuda de biólogos e muita dedicação. Hoje o local possui laboratório botânico, minhocário, viveiro de mudas e tanque de carpas. “Preservar a natureza é o principal lema”, avisa. 

Pai Ronaldo diz que, sem chuva, o santuário recebe cerca de 100 por dia, sendo que em finais de semana e datas festivas chegam a 3 mil. São cerca de 40 terreiros que podem ser locados (agenda pelo Tel. 4338-0261).

Um lugar especial para gente de toda parte

A psicoterapeuta Célia Siqueira, de 42 anos, fundadora da Casa Espiritual Luz dos Camineiros, em Guarulhos, foi ao Santuário para realizar a limpeza do iniciar o ano novo. Ela conhece o santuário a mais de dez.

“Este lugar é conhecido por todas as pessoas espiritualistas seja da umbanda ou do candomblé”, conta. 

Ela cuida da entidade há seis anos e fala sobre o preconceito que ainda existe em torno das religiões afrodescendentes. “No santuário podemos realizar nossas oferendas sem fazer sujeira nas matas e longe de olhares de curiosos muitas vezes preconceituosos”, declara Célia que convivi com o preconceito desde que trilhou esse caminha. “Vivo disso e assumo minha religião, me faço respeitar”.

Alcina Neri Silva, de 72 anos, tem um terreiro em Mauá e frequenta o santuário desde há 21 anos, pelo menos duas vezes ao mês. “Lembro quando aqui era só pedra e não havia as imagens dos orixás, este lugar melhorou muito”, diz Alcina, que é mãe de santo. Uma tradição que vem de família. 

“Minha mãe é mãe de santo na Bahia, em Itamira, e lá não há lugar como este. Quando a trouxe aqui, ela ficou encantada”, explicou.. A mãe de Alcina tem 103 anos.

Oxalá

A mais nova aquisição do Santuário é uma imagem de Oxalá, sincretizado como São Sebastião, de 15 metros de altura. “Foram dois anos para fazer a obra e estamos esperando agora uma liberação da Prefeitura de Santo André para colocar a imagem”, fala Pai Ronaldo. 8/12 é a data da maior festa do Santuário, dia de Iemanjá.

Pioneirismo

O Santuário Nacional de Umbanda recebe pessoas de todo o Brasil e foi o pioneiro. Segundo Ronaldo, o santuário do ABC foi referencia para a construção de outros, como o de Caxias do Sul, na região sul do Brasil.

É Brasil

A umbanda é a única religião genuinamente brasileira, segundo Ronaldo Linares. Surgiu em 1908, no Rio de Janeiro. Fundada em 15 de novembro de 1908 pelo médium Zélio de Moraes, ganhou força à medida que o catolicismo não atendia às necessidades da população. Sua estimativa é que a umbanda tenha cerca de 40 milhões de adeptos no Brasil e que cerca de 15% dos moradores da região sejam praticantes.

Contas


De acordo com o IBGE, no entanto, apenas 0,33% da população do ABC se declara seguidor da religião. “Muitos se declaram espíritas para fugir do preconceito”, diz.






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