Pastora participa de reunião contra intolerância em terreiro – Por Jair Mendonça Jr.


Representantes de igrejas cristãs e do governo estadual reuniram-se na tarde da quarta-feira, 10/12, com membros de religiões de matriz africana em ato de solidariedade pelos recentes casos de intolerância religiosa.

O encontro, realizado no terreiro Ilê Axé Obá Babá Xeré, em Cajazeira XI,  contou com a participação da ialorixá mãe Branca, do secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Raimundo Nascimento, e da pastora Sônia Mota, representando a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e o Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (Cebic).

"As crianças não podem dizer que são do candomblé por que são discriminadas", constatou mãe Branca durante a conversa. Para ela, a união entre as religiões é um importante passo contra a intolerância religiosa.

"Saio daqui muito emocionada. É um acontecimento histórico para os povos de terreiro. Nunca imaginei que um dia receberia pastores em minha casa. Tenha certeza de que essa luta não será em vão".

Vestida com uma camisa branca e com dizeres "eu respeito as diversidades", Sônia Mota lembrou com repúdio do ato de intolerância religiosa contra a Pedra de Xangô, localizada em Cajazeira X, no dia 12 de novembro.

Indignação

"Nós, enquanto organização de entidades religiosas, não compactuamos com atos de desrespeito à diversidade religiosa. A Cese luta há 40 anos pelo reconhecimento dos terreiros. Essa depredação da Pedra de Xangô causou muita indignação entre nós. Nossa presença hoje (quarta-feira) é justamente para provar isso".

A Pedra de Xangô, que é considerada um monumento sagrado para adeptos de religiões de matriz africana, foi alvo de depósito de aproximadamente 200 kg de sal, pichação e quebra de oferendas no seu entorno.

Segundo Raimundo Nascimento, após o ato, a Sepromi articulou uma série de reuniões entre poderes públicos municipal e estadual e lideranças do candomblé e a comunidade local, para planejar ações de proteção ao espaço e enfrentamento contra a intolerância religiosa.

"Este encontro é resultado do trabalho deste grupo. Entre as medidas acertadas, destacam-se o tombamento e registro especial da Pedra, limpeza, rondas policiais, iluminação e criação de um parque de proteção ambiental", afirma o chefe da pasta.


Ao final, todos deram as mãos e proferiram rezas em iorubá. Mãe Branca fez questão de rezar o Pai-Nosso, sob o comando da pastora.




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