Quando o negócio do futebol se sobrepõe à religião - Por João Ruela



Real Madrid retirou a cruz do emblema numa parceria com o Banco Nacional de Abu Dhabi, de modo a não afastar potenciais clientes muçulmanos nos Emirados Árabes.

O Real Madrid registou, na última época, uma receita recorde de 603,9 milhões de euros, mas o clube presidido por Florentino Pérez não está satisfeito e pretende, por isso, continuar a apostar na expansão internacional da equipa de Cristiano Ronaldo. Até aqui nada de novo. Uma ideia pacífica, não tivesse o clube optado por mudar o seu símbolo, de modo a não comprometer um acordo publicitário.

A primeira versão do caso remonta a 2012. Quando o Real Madrid apresentou o projeto para a construção de um complexo de luxo na ilha artificial de Al Marjan, um investimento estimado em 760 milhões de euros e financiado pela Autoridade de Investimento do emirado de Ras al-Khaimah, estranhou-se que nos vídeos de apresentação o símbolo do Real Madrid tivesse sido modificado. 

A cruz que o emblema ostenta desde 1920, ano em que o Rei Afonso XIII atribuiu o título "Real" ao clube da capital espanhola, "desapareceu".


A questão não mereceu grandes reparos na altura, mas está agora na ordem do dia em Espanha. Isto porque o Real Madrid celebrou um acordo publicitário com o Banco Nacional de Abu Dhabi (NBAD), que passa a ser o patrocinador oficial dos campeões europeus nos Emirados Árabes. 

Como parte do acordo, foi emitida uma série de cartões de crédito com o emblema de clube, no qual a cruz foi novamente apagada.




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