Judaica – Mostra de Cinema e Cultura, 3º Dia: A espiritualidade do Reggae – por Patrícia Nunes


Espalha-Factos também não faltou ao terceiro dia desta que é já a

3ª edição da mostra de cinema e cultura judaica

Neste dia, o EF destaca o documentário de Monica Haim, Acorda Sião, que nos explica que existe mais em comum com o judaísmo e o rastafarianismo do que pensávamos. A ligação entre ambos encontra-se no reggae.

Monica Haim, a realizadora deste documentário, cresceu com a cultura judaica. Enquanto jovem adulta, vem a descobrir que os símbolos da religião com que cresceu eram também usadas por outra, o rastafarianismo. 

Além dos símbolos, descobre também que a música reggae, oriunda desta cultura, é cantada por versos cujas mensagens transmitem os mesmos ensinamentos que o judaísmo inculto aos seus crentes. 

Acreditando que o que une estas duas culturas pode ser ainda mais profundo, Monica Haim lança-se numa investigação que a leva de Brooklyn à Jamaica e ao Israel, onde fica a conhecer as ideologias desta cultura que pode afinal ser mais próxima da sua do que pensava, e onde obtém respostas às questões que traz na bagagem.

A realizadora contempla os espectadores com aquilo que é uma verdadeira viagem cultural, presenciando-os com as conversas que teve com as mais variadas pessoas, de músicos reggae judeus a anciãos jamaicanos, permitindo que quem está a ver se sinta presente, espacial e temporalmente, em todos os momentos. 

Dos judeus de Brooklyn que encontraram no reggae a espiritualidade que faltava nos ensinamentos escritos vamos ao encontro dos de Israel, para quem o reggae simboliza a paz e a serenidade que parece extinta neste país. 

Partindo da união através deste tipo de música, esta viagem leva-nos ainda a conhecer um pouco da História que deu origem a estas religiões e que justifica a ligação de sangue entre as duas.

Monica Haim consegue revelar paralelamente declarações de testemunhos de cada religião que comprovam que estes têm mais em comum do que imaginam. Se para os judeus Sião significa um lugar espiritual e sagrado, os rastafari consideram-no o paraíso ou a paz interior. No fundo, acaba por ser “tudo o que procuramos”, independentemente do sítio de onde vimos.

Mais importante do que explicar as ideologias das duas religiões, Acorda Sião mostra o prazer de quem vê o papel que a sua cultura pode ter na de outros. Se nos apercebermos mais vezes de que afinal somos “mais parecidos do que pensamos”, a compreensão torna-se mais fácil e a tensão é aliviada.


Mais uma excelente escolha neste festival que nos aproxima mais da cultura judaica e que nos encanta pela sua relevância inesperada.

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