Sínodo da Família abre timidamente as portas a algumas mudanças – Por Angelo Carconi


Divorciados e acolhimento de homossexuais devem ser decididos em cada caso e cabe ao bispo e aos padres de cada diocese fazê-lo.

Confirmam-se as informações e as notícias dos últimos dias: o Sínodo dos Bispos sobre a Família abre timidamente as portas a novas soluções e propostas da Igreja em questões como o acompanhamento de homossexuais ou o acesso de divorciados recasados à comunhão, mas deixa de lado propostas mais arrojadas. Os participantes na reunião que durou três semanas propuseram ontem um "caminho de discernimento" para os católicos divorciados que voltaram a casar-se pelo civil, no relatório final dos trabalhos.

O texto que vai ser agora entregue ao Papa refere que é missão dos padres "acompanhar as pessoas no caminho do discernimento segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do bispo". Na conclusão dos trabalhos, 178 dos 265 participantes que votaram o documento (mais um voto do que os necessários para a maioria de dois terços) aprovaram o ponto 85, em que se apela a um "exame de consciência" das pessoas em causa sobre a forma como trataram os seus filhos ou como viveram a "crise conjugal".

O "documento de consenso", aprovado ontem ao final da tarde, pode "desiludir alguns", disse o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena. "Gostaríamos de ir mais longe em alguns aspectos", mas "diferentes realidades" levam à necessidade de tentar encontrar "o equilíbrio" entre a dimensão universal e local ou regional da Igreja. Será, por isso, um texto "aberto" aquele que foi aprovado pelos bispos. Mas em relação a questões como a homossexualidade ou o acesso à comunhão de divorciados que voltaram a casar-se pelo civil, o texto ficou a meio da ponte.

A questão da homossexualidade foi uma das mais delicadas na perspectiva de se conseguir o consenso. Para a Igreja, a família continua a exigir uma relação entre um "homem e uma mulher", "abertos à vida". Por isso, a única referência ao tema é na perspectiva das famílias que se vêem na situação de ter um dos seus membros como homossexual. "Não significa que não seja um tema para a Igreja, mas temos de respeitar a diversidade" de modos de olhar o problema.






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