Religião transnacional



As culturais se comunicam, se transformam e, nestes diálogos e tensões, terminam por possibilitar que novos fenômenos apareçam. 

Esta é uma maneira de falar dos temas que perpassam a obra do antropólogo Ismael Pordeus Jr., professor titular da Universidade Federal do Ceará e doutor em Etnologia, pela Universidade Lyon 2.

Ele participa hoje do Ciclo de Conferências Antropologia do Ceará, realizado pela UFC, do Laboratório de Estudos da Oralidade (LEO) e Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). 

Acontece a partir das 9h30, no Auditório Luiz de Gonzaga, do departamento de Sociologia, localizado no Centro de Humanidades III da UFC. 

A entrada é gratuita. Intitulada "Percurso Antropológico Luso-Afro-Brasileiro", a conferência contará ainda com a participação do debatedor Robson Cruz, doutor em Antropologia Cultural (UFRJ).

Ismael Pordeus Jr. Acompanha, desde a década de 1980, as transformações do fenômeno religioso que se dá nesta ponte que liga três continentes e muitas culturas. 

Ele descobriu, descreveu, interpretou e convidou a ouvir os atores de caso ímpar da antropologia cultural, a migração da umbanda e da jurema, religiões brasileiras de matriz cultural africana, para Portugal. 

No Velho continente, práticas e saberes são recriadas, a partir do contato com tradições da fé local. O resultado da imersão do antropólogo no campo é uma obra textualizada a partir de relatos orais, performances e imagens.

O conferencista é autor de livros como "Umbanda: Ceará em transe" e "Festa de Iemanjá". Suas pesquisas contemplam religiões como a umbanda e a jurema e a santeria.

Leituras

Três livros registram bem este trajeto antropológico. Editado pela Imprensa de Ciências Sociais, de Lisboa, "Portugal em transe: Transnacionalização das religiões afro-brasileiras, conversão e performances" (2009) é baseado em trabalho de campo realizado no país ao longo de 12 anos. No período, o antropólogo vivenciou estadias de terreno mais prolongadas, em 1998, 2005 e 2007.

Publicado em 2000, pela Terceira Margem, "Uma Casa Luso-Afro-Brasileira Com Certeza - Umbanda em Portugal" também registra a experiência. Neste livro, o antropólogo divide o espaço da escrita com uma protagonista desta experiência luso-afro-brasileira, que descreve em primeira pessoa as vivências deste trânsito.

Por fim, merece destaque: "Jurema Sagrada: do Nordeste Brasileiro à Península Ibérica" (2013), editado pelo LEO. Escrito pelo juremeiro Arnaldo Beltrão Burgos, o Obá Tòwgún, o livro foi organizado pelo antropólogo, que assina o texto de apresentação. Devoção de ascendência indígena, de raiz nordestina, a jurema tem aproximações dos credos da umbanda e do candomblé. 

O livro registra a jurema de matriz lusoafrobrasileira, definição esta que cabe a uma série de crenças que, nas últimas décadas, tem se movimentado pelos continentes africano, americano e europeu. Outro diferencial do livro é a presença dos escritos do próprio religioso.

Mais informações:

Ciclo de Conferências Antropologia no Ceará: "Percurso Antropológico Luso-Afro-Brasileiro", com Ismael Pordeus Jr. Às 9h30 no Auditório Luiz de Gonzaga, no Centro de Humanidades III, da UFC (Av. Da Universidade, 2995 - Benfica). Gratuito. Contato: (85) 3366.7419.






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura