Balanço do noticiário internacional sobre religião em 2007



O que mais chamou a atenção no noticiário sobre religião no contexto norte-americano e mundial em 2007?
Na opinião de jornalistas especializados (John Allen, correspondente no Vaticano do National Catholic Reporter, Kim Lawton, editor do programa "Religion & Ethics", e Kevin Eckstrom, editor do Religion News Service), a resposta está no ainda forte componente religioso da pré-campanha para presidente dos Estados Unidos, apesar de mudanças em curso na direita cristã e entre os bispos católicos, e na participação dos monges budistas nos protestos contra a ditadura em Mianmar.

Segundo os jornalistas, a direita cristã dos EUA teve mudanças de gerações, com as mortes de líderes como Jerry Falwell e James Kennedy, e nas decisões da associação conservadora "Christian Coalition", que optou até agora por permanecer fora da disputa presidencial, o que nunca tinha acontecido antes, com alterações no foco de seus interesses para o meio ambiente, o aquecimento global e a pobreza. Segundo os especialistas, não há a mesma coesão de anos atrás em torno de um candidato. Mike Huckabee poderia ser esse nome, mas muitos não acreditam em seu potencial.

Kim Lawton fez uma análise da influência da direita religiosa sobre as eleições americanas, mas ressaltou: hoje há um mórmom disputando a presidência, Mitt Romney deve explicar se ele é ou não realmente cristão, tem um católico divorciado, Rudy Giuliani, do partido Republicano, correndo atrás, e tem os Democratas Hillary Clinton e Barack Obama que seguem independentemente de comunidades religiosas, mas querendo seu voto. Ou seja, ainda tem muita religião envolvida nas eleições americanas e, certamente, Mike Huckabee, o pastor da Convenção Batista do Sul, é outro exemplo disso.

Outra notícia mencionada foi a do prejuízo financeiro, de imagem e em termos de funcionamento interno da Igreja Católica, pelo pagamento de indenizações bilionárias para as famílias das vítimas de abuso sexual praticado por sacerdotes. Outra católica, segundo os especialistas americanos, foi o envolvimento maior dos bispos na política de seu país, na defesa das pessoas que imigram para os Estados Unidos, e na tentativa de colocar na agenda a defesa da vida em questões como aborto e eutanásia.

O aumento da possibilidade de diálogo entre cristãos e muçulmanos, com a carta de 138 líderes islâmicos ao papa e a outros 25 líderes cristãos, dizendo que podem encontrar algumas convergências teológicas nos temas do amor a Deus e ao próximo, também foi mencionada. Para John Allen, uma das megatendências no cristianismo global é a erupção da América Latina, Ásia e, especialmente, a África, como protagonistas da cena cristã contemporânea. O número de cristãos na África abaixo do Saara cresceu de 8 milhões em 1900 para cerca de 140 milhões. Outra notícia relevante foi a participação dos monges budistas nos protestos de rua contra a ditadura em Myanmar. Eles evidenciaram o desastre moral daqueles governantes e servem de exemplo da necessidade de líderes religiosos se colocarem na linha de frente da luta contra os problemas que afetam a vida das pessoas.

A presença de livros escritos por ateus na lista dos mais vendidos dos jornais é outra tendência. "Eles conseguiram uma audiência. Mas os livros religiosos também estão no topo das listas", disseram os jornalistas. Sobre o que não recebeu atenção da mídia e deveria, eles citaram: a guerra do Iraque e a participação de religiosos em ações humanitárias e ajuda a refugiados, e a perseguição às minorias cristãs naquele país. E também o desaparecimento da população cristã no Oriente Médio, lugar onde tudo começou, e o que isto significa em termos do relacionamento com os muçulmanos. Os três jornalistas foram convidados do programa semanal da televisão americana "Religion & Ethics".

Fonte: http://www.agenciasoma.org.br

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