O Mundo Árabe Contemporâneo – Por Adriane Perin

Impressões sobre a exposição Imagens do mundo árabe e o Brasil de Aziz Ab’Sáber*


Curso na Associação Comercial traz mostra de cinema contemporâneo e especialistas para tratar de questões atuais sobre a cultura do “mundo árabe”
Quando a empresária Maria Cristina Andrade Vieira participou de uma série de palestras sobre o “mundo árabe” em São Paulo se deu conta da deficiência do nível de informação que nós, ocidentais em geral, temos desse universo. Também ficou deslumbrada com a qualidade das falas e decidiu que traria o evento para cá. E assim o fez. Começa hoje o curso Reflexões sobre o Mundo Árabe Contemporâneo, que tem encontros também amanhã e dias 19 e 20 próximos, promoção do Instituto de Cultura Árabe (Icarabe). “Serão abordadas as questões principais, com professores de gabarito internacional, todos doutores. E tem ainda a cinema com produções recentes. As que estarão aqui não estavam em São Paulo, ano passado, pra ver como a programação é atual”, observa ela sobre o evento, que se espalhou para outras partes do Brasil. “Existe uma curiosidade sobre o tema. É bacana dizer que o Instituto tem afiliados da colônia judaica também, porque a idéia é divulgar a cultura árabe, trazendo também olhares antropológicos, sociológicos para que o debate tenha abertura de visões”, ressalta a coordenador local. A mostra de cinema é no Cinevídeo.

O primeiro convidado é o cientista político Jose Farhat – os demais são Arlene Clemesha (USP), José Arbex Jr (PUC-SP), Valério Arcary (CEFET-SP). “Uma breve história da Síria e Líbano” é o tema de Farhat. Ele fará um apanhado sobre a formação do estados árabes do “mashriq”, “o que os árabes chamam de países orientais, a península arábica, Líbano, Síria, Palestina e Iraque”. Será uma contextualização histórica desde antes da Primeira Guerra Mundial. “Estabelecido isso, vou mostrar a interferência das potências ocidentais, entenda-se principalmente Grã-Bretanha e França e um breve relato da atualidade”, adianta. Para o especialista, formado no Líbano, na primeira turma da Universidade Católica de Beirute, são muitos os equívocos em torno do mundo árabe, e o principal, é pensar que são países atrasados. “A base disso é um ressentimento com fatos da Primeira Guerra para cá. A Grã-Bretanha, principalmente, enganou os árabes, levando-os a guerrear, com a promessa de liberdade. Ao mesmo tempo fazia acordos com Judeus e franceses para dividir a região”, assinala. Também, segue, avaliaram mal a reação árabe com o estabelecimento de Israel na Palestina. “O conformismo esperado não ocorreu. Os Palestinos foram expulsos para a Jordânia, Síria e Líbano”. No caso do Líbano, um país do tamanho da Grande São Paulo, houve um desequilíbrio. “Porque a divisão lá não é só entre religiões, mas entre facções religiosas. A reação foi imediata e a região se conturbou”, avalia este acreano, que junto com o pai foi “pego” no Líbano pela Segunda Guerra e lá ficou até o conflito acabar. Voltou ao Brasil e depois retornou ao Líbano, estudar. O palestrante nota que a questão recente da Faixa de Gaza fez as pessoas se perguntarem sobre o que ouviam na tv. E acrescenta que as informações que circulam no mundo são na maioria de agências noticiosas ocidentais “influenciadas pelo ponto de vista israelense e dos Estados Unidos, entendido aqui como governo Bush. A realidade é diferente”, defende. Fahar observa que o governo brasileiro “está liderando países da américa do sul a promover uma aproximação”, sinal de um interesse que é mundial. Cita entre estes sinais, a retirada das forças americanas e britânicas do Iraque e os EUA querendo falar com o Talibã. “A questão é que com toda a guerra no Afeganistão não conseguiram dominar o país. E o governo que estabeleceram em Kabul é corrupto e não manda além das paredes do palácios presidencial. Conversar é a “real politic, o realismo político”. Para ele, a Síria é o “único país árabe capaz de influenciar os demais. Onde ela for, todos os demais irão”. Pode se esperar, então que a tensão na região alivie?. “Não tenha dúvida. Já se nota a diminuição da influência do fundamentalismo religioso”, comenta. “A situação é muito clara e os EUA tomaram iniciativas corretas e já há uma resposta do mundo árabe”, avalia. “Coisas importantes devem acontecer nos próximos anos”.
Serviço

Reflexões sobre o Mundo Árabe Contemporâneo. Associação Comercial do Paraná (R. XV de Novembro, 621). Dias 12, 13 19 e 20 e 19/03 às 19h. R$120 e R$90. Informações: ulc@acp.org.br ou (41 33202990). Mostra de cinema: até dia 13/03, às 15 e 19h. Instituto Cultural Cinevídeo1 (R. Pe. Anchieta, 458). Gratuito. Informações: (41) 3223-4343


Fonte: http://www.bemparana.com.br

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