Lápides encontradas no México revelam mitos da cultura pré-hispânica - Por Agencia de Noticias El Pais


O centro da agitada capital do México ocultava um dos grandes segredos da cultura pré-hispânica. Um grupo de arqueólogos descobriu em frente ao Templo Mayor asteca 23 lápides de cerca de 550 anos de antiguidade, que mostram mitos da cultura mexicana como o nascimento do deus da guerra, Huitzilopochtli, e a origem da Guerra Sagrada.
As pedras gravadas, feitas de tezontle (rocha vulcânica) e localizadas no final de 2011 na Plaza Manuel Gamio, representam serpentes, prisioneiros, ornamentos e guerreiros que se referem à origem da antiga cultura mexica, segundo explicou em um comunicado o Instituto Nacional de Antropologia e História do México (Inah).
A descoberta ocorreu durante os trabalhos de supervisão arqueológica anteriores à criação de um novo acesso ao museu do Templo Mayor. Uma vez terminados os trabalhos de restauração e pesquisa para determinar a existência de alguma oferenda embaixo das lápides, será um piso de vidro para que os visitantes possam admirar as 23 lápides.
Possivelmente as gravações foram orientadas para o que foi o centro de adoração de Huitzilopochtli, o que presume que correspondam à quarta etapa da construção do Templo Mayor (1440-1469), segundo o pesquisador Raúl Barrera, responsável pelo programa de arqueologia urbana do Inah. O Templo Mayor, edificado no que é hoje o Zócalo da capital mexicana e áreas vizinhas, foi o centro mais importante da vida religiosa dos mexica.
Os vestígios pré-hispânicos têm grande valor arqueológico, já que é a primeira vez que se encontram dentro do que foi o recinto sagrado da antiga Tenochtitlan e podem ser mostrados "à maneira de documento iconográfico um discurso que narra certos mitos dessa antiga civilização", segundo o arqueólogo.
De acordo com o mito do nascimento de Huitzilopochtli, a deusa da terra e da fertilidade, Coatlicue, engravidou quando uma pluma entrou em seu ventre enquanto varria. Incomodados com isso, seus filhos, 400 guerreiros surianos (na língua náhuatle "centzonhuitznahua") e a deusa da lua, Coyolxauhqui, decidiram ir à montanha de Coatepec, onde morava a grávida, para matá-la. 
"Ao chegar lá", explica o arqueólogo Barrera, Coyolxauhqui e os guerreiros enfrentaram Coatlicue e a decapitaram. Nesse momento nasceu o deus da guerra Huitzilopochtli, que enfrentou os guerreiros e matou sua irmã, a qual desmembrou".
A lenda sobre a origem da Guerra Sagrada entre os mexica, descrita nos códigos Chimalpopoca e Boturini, estabelece que durante o percurso que realizaram de Aztlán até o lago de Texcoco, no vale do México, onde edificariam sua cidade, baixaram do céu os guerreiros estelares do norte, chamados em náhuatle mimixcoas, que foram enfrentados, derrotados e sacrificados pelos tenochcas.
"Os dois mitos se relacionam com o conceito de uma batalha estelar, na qual o deus da guerra e do sol, Huitzilopochtli, sai vitorioso do confronto com os 400 guerreiros do sul e Coyolxauhqui, o que deu origem às estrelas (combatentes mortos) e à lua (ao lançar a cabeça de sua irmã decapitada ao céu)", indicou Barrera.
As imagens representam oito serpentes com as bocas abertas, um escudo de guerra ou chimalli com figuras de caracóis e contas de pedra, e dardos em direção à parte inferior, e traços que talvez simbolizem jatos de sangue, segundo explicaram Lorena Vázquez e Rocío Morales, arqueólogas envolvidas na pesquisa.

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