Portugal: Alto Comissariado quer mobilizar sociedade contra a intolerância religiosa


O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), entidade dependente da Presidência do Conselho de Ministros, quer envolver toda a sociedade portuguesa, crentes e não crentes, no combate contra a intolerância religiosa.


Em declarações à Agência ECCLESIA, Rosário Farmhouse, responsável pelo organismo, sublinha que é preciso “ir mais além” no diálogo inter-religioso, que muitas vezes “é visto como algo que cabe apenas aos líderes das diferentes crenças”.

Cada cidadão “tem um papel a desempenhar” e a aproximação depende sobretudo da capacidade de “afastar o preconceito, o egoísmo e a falta de diálogo, valorizando aquilo que une cada religião, como a busca de felicidade e o amor pela família”, aponta.

Com o objetivo de sensibilizar todas as pessoas para a importância de fomentar o diálogo inter-religioso, “em cada situação do dia-a-dia”, o ACIDI lançou esta quarta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, uma pequena publicação intitulada “Diálogo Inter-religioso no tempo e 33 ideias para pensar e agir”.

Cada um dos pontos apresentados procura “educar” as pessoas para o respeito mútuo e para a partilha de ideias e ideais de fé, uma vez que, segundo a Alta-Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, “os comportamentos de rutura são a maior parte das vezes fruto do desconhecimento”.

Para contrariar esta tendência, o ACIDI reuniu no mesmo dia os líderes das diferentes religiões que estão representadas em Portugal para participarem na entrega dos prémios relacionados com o concurso de fotografia ‘Múltiplas Vivências da Fé’.

Um desafio lançado no final de 2011 e que contou com a participação de 286 pessoas que através de imagens de práticas de fé, de símbolos ou artefactos, ajudaram a ilustrar a forma como os portugueses e estrangeiros residentes em território nacional expressam as suas crenças religiosas.

Em representação da Igreja Católica, o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, saudou as iniciativas da ACIDI, realçando que “ninguém deve ser posto de lado, no diálogo inter-religioso, porque senão passa a ser apenas um diálogo de hierarquias”.

“Os encontros formais e informais ajudam a transformar os muros em pontes” e “apesar de estar em maioria, a comunidade católica nunca se pode considerar auto-suficiente, como se não precisasse dos outros”, sustentou.

As 10 fotografias finalistas (as três primeiras classificadas mais sete menções honrosas) levaram os participantes do evento a uma viagem por diversas sensibilidades religiosas e culturais, que incluiu a Ilha de S. Jorge, nos Açores, o bairro da Mouraria, em Lisboa, o Santuário de Fátima e a província alentejana.

O ACIDI tem como missão “colaborar na conceção, execução e avaliação das políticas públicas, transversais e setoriais, relevantes para a integração dos imigrantes e das minorias étnicas, bem como promover o diálogo entre as diversas culturas, etnias e religiões”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura