Haverá felicidade no mundo? - Por Eduardo Santos


Não é todos os dias que encontramos gente disposta a dar a cara e dizer que é feliz. Até por que a maior parte das pessoas não encara a vida sob a perspetiva positiva, sobretudo pelo facto de a realidade ser dura ou menos boa. 

Matthieu Ricard, filho do filósofo francês Jean-François Revel, viveu entre os intelectuais de Paris. Doutorou-se em biologia molecular e trabalhou com um nobel da Medicina, mas cedo percebeu, com 26 anos, que não era suficiente. Isso não lhe permitia aumentar as suas qualidades humanas.

Os Himalaias foram o seu destino, onde estudou com alguns dos maiores guias do budismo, tendo dedicado o seu tempo á meditação, à escrita e fotografia, para além da ajuda humanitária. Hoje é tradutor e braço direito de Dalai Lama. 

Atualmente com 65 anos submeteu-se como objeto de estudo da ciência de investigação da Universidade de Wisconsin, onde foi monitorizado com 256 sensores colados na cabeça para medirem a atividade do córtex pré-frontal do seu cérebro. 

Finalidade do estudo: medir a escala da felicidade (já testada em muitas outras pessoas) que foi criada por aquela Universidade e cujos valores vão de um mínimo de +0.3, ao máximo de -0.3. Matthieu Ricard atingiu -0.45, ou seja, pulverizou todos os números.

Isso quer dizer que, em estado contemplativo, o monge alcançou um equilíbrio emocional extraordinário, onde as emoções positivas como o entusiamo e a alegria suplantaram as negativas, tais como o medo e a ansiedade. 

Por isso o consideraram o homem mais feliz do mundo. Um semanário nacional entrevistou-o e quis saber o “segredo” deste monge budista. Matthieu Ricard explica que o “segredo” para ser feliz consiste em “reconhecer que se quer ser feliz”, evitando o egoísmo, a arrogância e a agressividade, sentimentos que por vezes controlam as nossas mentes e nos impedem o encontro com a felicidade. 

Aponta ainda o “controlo e treino da nossa mente” como uma necessidade para o conseguir, pois aí apenas depende de nós. O monge afirma que não precisamos de afastar os “prazeres mundanos” para sermos felizes. ”O prazer, em si, não tem mal, mas também não tem nada a ver com a felicidade, por que esta é uma forma de estar na vida e não uma sensação momentânea”. 

No meio de uma profunda crise económica é possível ser feliz? A resposta do monge é clara: 

“Se ligarmos a felicidade exclusivamente ao dinheiro, nunca conseguiremos. Há muitas coisas supérfluas de que não precisamos. Viver de forma mais simples não significa que tenhamos de voltar a viver na floresta. Mas não podemos nós mudar o estilo de vida e viver com menos? Essenciais são a amizade, a paz, a sensação de ter o coração cheio, de que cada momento vale a pena ser vivido. Está mais do que estudado - e atenção que não falo de ensinamentos budistas - que quanto maior o nível de consumismo, menor é a felicidade que se alcança”.

Matthieu Ricard aconselha a que “não devemos passar a vida focados no eu, eu, eu. O individualismo e o egoísmo destroem a felicidade”. Afinal parece que a felicidade está nas coisas simples, feitas de coração aberto e disponível para os outros. Que receita maravilhosa para estar de bem com a vida. 

Fonte: http://www.fatimamissionaria.pt

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