Centro Cultural Islâmico será reconstruído em Nova York - Por Winnie Hu


Quando o Centro Cultural Islâmico no Bronx foi destruído por um incêndio em 2009, era o mês sagrado do Ramadã. Centenas de muçulmanos, sem ter onde rezar, se ajoelhavam na rua ao lado das ruínas queimadas.
 
Na manhã de quarta-feira, eles novamente se reuniram no local, na esquina da East 166th Street e Clay Avenue em Morrisania, para rezar, mas desta vez para a pedra fundamental há muito aguardada de seu novo prédio.
 
“Foi uma estrada longa e difícil”, disse Bakary Camara, 47 anos, um membro do centro islâmico, enquanto inspecionava o local cercado por tapumes. “Milagrosamente para nós, nossa comunidade cresceu, se unindo mais do que se separando.”
 
Um prédio muito maior, de US$ 3 milhões, se erguerá no local do velho centro, reunindo uma crescente população de muçulmanos dos países do Oeste da África, incluindo Gâmbia, Guiné, Mali e Mauritânia, que se estabeleceu no distrito. Em 2010, 32.576 dos 1,4 milhões de moradores do Bronx declararam ter nascido no Oeste da África, um aumento de 76% em comparação a 2000, segundo uma análise pelo Queens College dos dados do censo.
 
O Centro Islâmico, um dos vários no Bronx, foi fundado em uma velha boate por imigrantes do Oeste da África, que começaram a rezar juntos nos apartamentos uns dos outros no final dos anos 80. 

Desde o incêndio, o centro teve dificuldade para continuar funcionando em um espaço alugado, composto por quatro imóveis adjacentes. Foi a segunda vez que uma tragédia atingiu a comunidade: em 2007, um incêndio matou 10 de seus membros, nove deles crianças.
 
Hoje, membros de 11 mesquitas usam o espaço temporário como local de oração assim como de aconselhamento familiar e conjugal, programas para jovens, cursos de árabe, casamentos e cerimônias nas quais os recém-nascidos são abençoados por um imã. Do lado de fora, o toldo verde do centro –recuperado intacto do incêndio– exibe seu nome em inglês e árabe.
 
“O Centro nos une”, disse Baba Jagana, um imã da Mesquita Makky, cujos membros pertencem ao centro. “Nós queremos que nossos filhos se conheçam. A unidade que temos em casa, nós queremos que eles a conheçam aqui.”
 
Na segunda-feira, grupos de crianças tiravam seus sapatos e se espremiam pela porta. Os meninos se sentavam no chão na frente, as meninas em uma sala separada no fundo. 

Não havia brinquedos ou móveis, apenas lições em árabe nos quadros brancos. Traduzida, uma dizia, “Busque viver honestamente”, e outra, “Os melhores entre nós são aqueles que aprendem a ler e ensinam aos outros”.
 
As instalações improvisadas às vezes podem parecer apertadas. Como o acampamento de verão gratuito do centro não contava com espaço suficiente para todas as crianças que se inscreveram, elas o frequentaram em dias alternados. As filas para os três banheiros podem ser longas, e o serviço às vezes atrasa porque os fiéis, concentrados em se lavaram antes da oração, precisam de mais tempo. Quando pessoas demais vêm, alguns oram na calçada.
 
“Nós não nos sentimos à vontade porque o espaço é pequeno demais para nós”, disse Mahamadou Soukouna, 42 anos, um imã do centro.
 
O Centro reuniu um terço do dinheiro necessário para a construção: havia um pagamento de seguro de US$ 300 mil pelo velho prédio, disse Camara; o restante veio por meio de doações de membros e apoiadores. Uma apresentação arquitetônica do novo centro mostra paredes de cor areia, uma entrada em arco e um minarete. Com 1.400 metros quadrados, ele terá um tamanho três vezes maior que o prédio antigo.
 
Os membros continuarão levantando dinheiro para o novo centro, cuja expectativa é de ser concluído a tempo para o Ramadã do ano que vem, disse Camara.



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