Radicais islâmicos destroem túmulos ancestrais de Timbuktu Radicais islâmicos destroem túmulos ancestrais de Timbuktu - Por Mariana Corrêa Nunes


Desde sábado que o grupo islamita armado Ansar Dine, com ligações à Al-Qaeda, está a destruir património com mais de quinhentos anos em Timbuktu, no norte do Mali, depois de terem garantido o controlo das três principais cidades da região.

Nações Unidas lançam apelo


Apesar da condenação internacional, os islamitas continuam a destruir os túmulos, classificados como património mundial da humanidade pela Unesco, desde 2004.
Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), apelou no sábado, em comunicado, ao cessar imediato da destruição dos mausoléus sagrados de centenas de anos.
No domingo, Fatou Bensouda, promotora do Tribunal Criminal Internacional, considerou que a destruição deste património constitui um "possível crime de guerra".

"A destruição é uma ordem divina"


Contudo, de acordo com um porta-voz da fação islâmica citado pelo jornal "The Independent", eles não reconhecem a autoridade nem das Nações Unidas nem do Tribunal Internacional, e continuam,
"O único tribunal que nós reconhecemos é o tribunal divino de Shariah (...) A destruição é uma ordem divina (...) Temos que fazer isto para que as gerações futuras não fiquem confusas e comecem a adorar os santos como se fossem Deus".
As populações da região estão revoltadas com a situação. Segundo um habitante de Timbuktu, referido pelo jornal inglês, "eles continuam a destruir os túmulos de todos os santos de Timbuktu, e a nossa cidade tem 333 santos".

Timbuktu na lista do património mundial em perigo da UNESCO


A pedido do Governo do Mali, o comité do património mundial da UNESCO, que se reuniu na semana passada em São Petersburgo, inscreveu Timbuktu e o Túmulo de Askia, na lista do património mundial em perigo, visando assim "favorecer a cooperação e o apoio a favor de locais ameaçados pelo conflito armado que atinge a região", avançava o comunicado da organização
Desde meados de março que as cidades e regiões administrativas de Timbuktu, Kidal e Gao, no norte do Mali, são controladas por fações radicais islâmicas, depois de um golpe de Estado a 22 de março que depôs Amadou Toumani Touré, então presidente, e acabaram com um regime democrático de 21 anos, anteriormente considerado como modelo.
Antes de se tornar base para ataques da Al-Qaeda, Timbuktu era um ponto importante de turismo, que permitiu o desenvolvimento da região. Mas isso não interessa aos rebeldes que são "contra o turismo" por considerarem que "fomenta a libertinagem".

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