A criação destruidora – Por Antonio Campos


O escritor e filósofo Slavoj Žižek nasceu em Liubliana, na antiga Iugoslávia. Atua como professor na European Graduate School e no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. 

Žižek é conhecido pelas suas teorias sobre o real, o simbólico e o imaginário. É conhecido como o “Elvis da teoria cultural”. 

Será o convidado da primeira edição do projeto: “ArtFliporto Apresenta”, realizado no próximo dia 15 de março, no Teatro da Universidade Federal de Pernambuco. Na ocasião, o filósofo irá falar sobre o tema: “De Hegel a Marx..e de volta Hegel! A tradição dialética em tempos de crise”. 

Após a conferência, Žižek irá fazer uma sessão de autógrafos do seu livro: “Menos que nada: Hegel e a sombra do materialismo dialético”, lançado pela BoiTempo Editorial.

Extrai seu pensamento do idealismo alemão e da psicanálise, sendo fortemente influenciado por Lacan, Marx, Hegel e Schelling. Žižek defende o “Real em sua violência extrema como o preço a ser pago pela retirada das camadas enganadoras da realidade”. 

Afirma que o real é um enigma que não deve ser equiparado com a realidade que enxergamos. Segundo ele, nossa realidade foi construída a partir de símbolos. A realidade seria uma ficção. É preciso analisar constantemente aspectos como o antagonismo social, a vida, a morte e a sexualidade para compreender melhor esse contexto no qual estamos inseridos.

A obra de Slavoj Žižek tem estado na linha de frente do debate filosófico, político e cultural nos últimos tempos. Da teoria da ideologia até a crítica da subjetividade, a ética, a globalização, o espaço cibernético, nos estudos sobre cinema, no cognitivismo, na teologia e na música, a influência do sociólogo se estende amplamente no mundo contemporâneo. Suas intervenções continuam a provocar debates e a transformar nossa maneira de pensar.

As ideias do filósofo estão presentes em várias obras, entre elas “Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia”, “O mais sublime dos histéricos: Hegel com Lacan”, “Um mapa da ideologia”, “As portas da revolução”, “Arriscar o impossível” e “Bem-vindo ao deserto do Real!”.

No livro “Bem-vindo ao deserto do Real”, Žižek alega que os arquétipos de uma superestrutura capitalista globalizante não deixam as pessoas enxergarem a realidade, mas apenas uma falsa reprodução da mesma.   

O filme Matrix (1999), sucesso dos irmãos Wachowski, levou essa teoria ao ápice. Na teoria, a realidade material que sentimos e vemos à nossa volta é virtual. Tudo é gerado e coordenado por um gigantesco computador ao qual estamos ligados.

No filme, o herói, interpretado por Keanu Reeves, acorda e se depara com a cidade de Chicago completamente destruída após uma guerra global. O líder da resistência, Morpheus, lança-lhe uma estranha saudação: “Bem-vindo ao deserto do real”. Essa frase é exatamente uma metáfora do que vivemos.

O homem vive preso a uma matriz materialista, mas somos mentais e espirituais. O mundo é mental. A intenção move o universo. Tornamo-nos aquilo que pensamos.

Há quem diga que a vida real acontece quando adormecemos. No momento que acordamos estamos dormindo, pois o homem acordado é tridimensional e sente o tempo linearmente, no tempo do “não tempo”. Ao dormir e/ou ativar o lado direito do cérebro seria possível despertar uma quarta dimensão, a intuição, conectando uma grande rede cósmica numa quinta dimensão.

Somos parte de uma realidade ficcional. Ilusória. Onde nada existe. Tudo foi construído. Precisamos despertar para o mundo real. É um pouco do pensamento desse filósofo, cuja obra merece ser melhor conhecida.

Antônio Campos - advogado, conselheiro Federal da OAB, escritor, editor, membro da Academia Pernambucana de Letras e curador da Fliporto. camposad@camposadvogados.com.br



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