Fórum da Aliança de Civilizações abre com chamada para o diálogo


O 5º Fórum da Aliança de Civilizações foi inaugurado na quarta-feira passada em Viena com as chamadas de vários líderes mundiais a favor de mais diálogo e entendimento entre os países, os povos e as religiões.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi o encarregado de inaugurar o Fórum, em que participam representantes e líderes de países como a Brasil, Turquia, Espanha e Irã.

Ban disse que os conflitos que castigam o mundo "requerem um entendimento mútuo que ultrapasse as fronteiras religiosas, nacionais, culturais e étnicas".

"Este entendimento vem com uma liderança responsável", afirmou o secretário-geral da ONU, em referência a um dos lemas desta edição, da qual participam representantes da sociedade civil e de organizações juvenis, especialmente do Oriente Médio.

"Nenhum país, nenhuma cultura é imune. Em muitos lugares, os sentimentos anti-muçulmanos se tornaram comuns", advertiu Ban, além de destacar que "imigrantes de todas as origens são difamados ao invés de serem abraçados".

"Se não dermos uma resposta para estas atitudes, os racistas se sentiram com mais direitos", disse o secretário-geral da ONU.

O 5º Fórum da Aliança de Civilizações não tem nenhum tipo de decisão política concreta e serve, sobretudo, como uma plataforma para a troca de ideias e propostas entre representantes políticos e civis de todo o mundo.

A Aliança das Civilizações foi idealizada em 2005 por Espanha e Turquia, como reação ao forte impacto dos atentados islamitas nos EUA, Reino Unido e Espanha nos anos anteriores.

"É essencial fomentar valores como a tolerância, as liberdades fundamentais, a consolidação dos valores democráticos e o Estado de Direito", disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, em seu discurso durante a abertura do fórum.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, falou em seguida e focou suas palavras na necessidade do diálogo entre as religiões e criticou a crescente "islamofobia", sobretudo na Europa.

Nesse contexto, considerou que a rejeição aberta ao Islã "deveria ser considerada como um crime contra a humanidade como acontece com o fascismo e o anti-semitismo".

Em todo caso, enviou uma mensagem de esperança ao dizer que "podemos mudar o mundo se nos concentrarmos nos aspectos positivos da diversidade, ao invés dos negativos".

Assim como os demais conferencistas, Erdogan destacou a importância de se chegar a uma solução dos conflitos na Síria e Palestina.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, ressaltou em declarações à Agência Efe que o diálogo é "uma alternativa à unipolaridade e ao uso da força militar para a solução de conflitos".

"Em um mundo multipolar é importante melhorar os mecanismos do multilateralismo como o diálogo e a cooperação", concluiu Patriota.

No sentido dessa nova realidade multipolar do mundo, o primeiro-ministro turco usou o Fórum para reivindicar uma "reforma profunda" do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma postura apoiada também por Patriota.

"Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança não representam todas as religiões do mundo", destacou Erdogan, ao mesmo tempo em que criticou o direito de veto dessas potências.

Esse veto, denunciou o primeiro-ministro turco, está bloqueando qualquer avanço para uma solução do conflito na Síria.

Patriota, por sua parte, qualificou como "falta de responsabilidade" o fato de os líderes mundiais ainda não terem chegado a um consenso para reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Duas sessões especiais do Fórum serão dedicadas durante os dois dias de trabalho às perspectivas regionais e vão abordar projetos elaborados em várias regiões, como a América Latina e a região do Mediterrâneo.

O 5º Fórum da Aliança de Civilizações, um organismo aprovado pela ONU e com a participação de 136 países, termina amanhã, com a adoção da "Declaração de Viena".

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