Maioria dos métodos de estudar para provas não funciona, diz estudo


Um estudo realizado por pesquisadores de quatro universidades dos Estados Unidos indica que resumir e grifar textos são técnicas com baixa utilidade para o aprendizado dos estudantes.

Das dez práticas avaliadas pelo trabalho científico, outras três compõem a lista com pior avaliação: criação de palavras-chaves, imaginação e releitura.

Os métodos favoritos de se preparar para provas escolares não são os que garantem os melhores resultados para os estudantes, segundo uma pesquisa feita por um grupo de psicólogos americanos.

Universidades e escolas sugerem aos estudantes uma grande variedade de formas de ajudá-los a lembrar o conteúdo dos cursos e garantir boas notas nos exames. Entre elas estão tabelas de revisão, canetas marcadoras, releitura de anotações ou resumos, além do uso de truques mnemônicos ou testar a si mesmo.

Mas segundo o professor John Dunlosky, da Kent State University, em Ohio, nos Estados Unidos, os professores não sabem o suficiente sobre como a memória funciona e quais as técnicas são mais efetivas.

Dunlosky e seus colegas avaliaram centenas de pesquisas científicas que estudaram dez das estratégias de revisão mais populares, e verificaram que oito delas não funcionam ou mesmo, em alguns casos, atrapalham o aprendizado.

Por exemplo, muitos estudantes adoram marcar suas anotações com canetas marcadoras.
Mas a pesquisa coordenada por Dunlosky, publicada pela Associação de Ciências Psicológicas, descobriu que marcar frases individuais em amarelo, verde ou rosa fosforescente pode prejudicar a revisão.

"Quando os estudantes estão usando um marcador, eles comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo", diz ele.

"Isso pode comprometer a compreensão sobre o material", afirma. Mas ele não sugere o abandono dos marcadores, por reconhecer que elas são um "cobertor de segurança" para muitos estudantes.

Resumos e mnemônicos

Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os ensaios das aulas e fazer resumos. Mas Dunlosky diz: "Para nossa surpresa, parece que escrever resumos não ajuda em nada".

"Os estudantes que voltam e releem o texto aprendem tanto quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto leem", diz. Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos, técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.

Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de pontos específicos, como "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A", para lembrar a fórmula matemática do seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.

Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros tipos de materiais: "Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos de matemática ou física".

Repetição

Então, o que funciona?

Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas, testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo. "Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo prazo", diz Dunlosky.

"Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra que a repetição de testes funciona", afirma. Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o tema e menos propenso a devaneios da mente.

"Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já sabe", diz o pesquisador.

'Prática distribuída'

Porém a melhor estratégia é uma técnica chamada "prática distribuída", de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados - evitando, assim, de deixar para estudar de uma vez só na véspera do teste.

Dunlosky diz que essa é a estratégia "mais poderosa". "Em qualquer outro contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes fazem isso para estudar para exames", observa.

"Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos exames, mas não retêm o material", diz. "Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática distribuída é o melhor caminho", avalia.

Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes? Dunlosky afirma que não, as melhores técnicas funcionam para todos. E os especialistas acreditam que esse estudo possa ajudar os professores a ajudar seus alunos a estudar.

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