Prática cristã sofre «muitas» limitações na Europa


O combate à intolerância religiosa é tema em destaque numa conferência que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está a promover em Tirana, na Albânia.

Segundo um comunicado publicado por aquele organismo através da internet, “representantes de 57 países”, incluindo Portugal, mostraram-se empenhados em “encontrar soluções para a discriminação praticada contra muçulmanos, cristãos e membros de outras religiões”.

A reunião da OSCE, que teve início esta terça-feira, permitiu aos responsáveis políticos e sociais do Velho Continente ficarem a par das dificuldades que atingem atualmente as comunidades cristãs, através de um relatório apresentado pelo Observatório sobre a Intolerância e a Discriminação Religiosa na Europa (OIDCE).

Mil e setecentos anos depois do Édito de Milão que decretou a “liberdade religiosa para os cristãos”, assinado pelo imperador romano Constantino (274-337), ainda são “muitas” as limitações impostas aos que partilham a fé em Jesus Cristo.

O Observatório identificou e analisou mais de 800 casos nos últimos cinco anos, relacionados sobretudo com “crimes de ódio” e com a propagação de ideias que tendem a “excluir” e a transmitir uma “imagem negativa” acerca das comunidades cristãs.

Por outro lado, verificou que a vida dos cristãos é afetada igualmente por diversas “restrições legais”, relacionadas por exemplo com o direito à “objeção de consciência”, (em países como a Bélgica, República Checa e Irlanda) e com a “liberdade de reunião e associação” (Áustria, Alemanha, França, Holanda e Espanha).

Durante o encontro, Gudrun Kugler, representante do Observatório, recordou que o Édito de Milão garantiu a todas as pessoas uma “autonomia completa na escolha e prática da religião”, com o objetivo de “promover a paz e favorecer o bem comum”.

“Para o Imperador Constantino, isto significava que a prática religiosa tinha de ser livre e aberta, sem constrangimentos e sem condicionalismos”, sublinhou.

O membro do OIDCE deixou algumas “recomendações” aos participantes, pedindo-lhes que lutem por uma sociedade mais inclusiva, por leis mais equitativas, e que despertem a consciência das pessoas para a importância de erradicar a violência contra cristãos, dentro e fora da Europa.

“Combater a perseguição aos cristãos fora da área da OSCE deve tornar-se numa prioridade para os ministros dos negócios estrangeiros dos países aqui representados”, sublinhou.

O primeiro-ministro da Albânia, anfitrião da conferência, mostrou-se empenhado em contribuir para o desenvolvimento de um ambiente de “harmonia e tolerância” religiosa no seu país. Sali Berisha disse ainda que “quem quiser tomar parte nesta luta terá de estar preparado para um combate longo e sério, baseado em valores”.



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