Pastor Marcos Amaral é defensor da convivência pacífica entre todas as crenças – Por Maísa Capobiango

Pastor efetivo da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá, o reverendo Marcos Antonio Gomes Amaral tem sido destaque no universo religioso. 

Ele é membro da Comissão Contra a Intolerância Religiosa, formada em 2008, por voluntários, sem apoio governamental; e, no dia 24 de abril, foi laureado com o prêmio Camélia da Liberdade, oferecido pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), por sua defesa da convivência pacífica entre as diversas crenças. O pastor conversou com O GLOBO-Barra sobre sua luta contra o preconceito.

Em que consiste o trabalho da Comissão Contra a Intolerância Religiosa?

A comissão, que tem como interlocutor o babalaô Ivanir dos Santos, está no sexto ano. Desde sua gênesis, houve um avanço significativo. Ela começou com cinco pessoas e hoje tem a representação de praticamente todas as religiões reconhecidas no Brasil. Nós nos reunimos frequentemente em torno da preparação da caminhada contra a intolerância, realizada anualmente, sempre no terceiro domingo de setembro, na Praia de Copacabana. Esta caminhada não é uma manifestação religiosa, mas um momento em que dizemos para a sociedade que queremos respeito e tolerância para todos.

O senhor, pessoalmente, já sofreu algum tipo de intolerância religiosa?

Hoje, eu vivo na pele a intolerância. Sofro muitas injúrias pela internet. Tenho muitas fotos ao lado de pessoas da umbanda e do candomblé, de islâmicos e de outras religiões, por causa da minha prática na comissão. Às vezes, as pessoas fazem colagens, escrevem textos dizendo que eu sou bruxo, que sou defensor do candomblé ou até que sou um pastor candomblecista. Nas caminhadas contra intolerância, as pessoas tiram muitas fotos porque, de fato, eu acabo sendo um pouco o diferencial, já que os evangélicos não vão lá: eu viro um ponto de atração. Estas fotos acabam na rede, as pessoas descobrem e fazem estas colagens.

Desde que começou este trabalho, o senhor percebeu alguma mudança em relação à intolerância?

Mudanças, honestamente, eu não percebo. O que não quer dizer que elas não estejam acontecendo. Eu adoraria semear, acompanhar o crescimento da árvore e colher os frutos, mas estou com 52 anos e esta questão da intolerância é antiga. Acho improvável que eu colha os frutos; não consigo ver mudanças. Ao mesmo tempo, eu não tenho dúvidas de que elas estão ocorrendo. Minha esperança é que algo esteja acontecendo, mesmo que lentamente, como o processo da semente.






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura