Rituais religiosos locais podem aumentar risco de infeção do ebola

O surto do vírus ebola atualmente observado na África Ocidental é o maior de todos os anteriores, tendo 932 casos fatais sido registrados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Voz da Rússia falou com o célebre infectologista brasileiro Edmilson Migowski sobre o perigo de infeção e as pesquisas que se realizam no mundo para combater esta doença.

Uma das pesquisas é realizada por um instituto da Academia de Ciências da Rússia. Segundo os cientistas russos, os trabalhos estão na fase de testes laboratoriais. E nesta semana, dois missionários estadunidenses que trabalhavam na Libéria foram alegadamente salvos por um soro experimental que lhes foi fornecido por via aérea antes de qualquer teste médico em humanos. Porém, este remédio não será por enquanto fornecido a outros infetados, devido à ausência de dados de laboratório.

O surto do vírus ebola, que se espalhou neste ano pela Guiné e Libéria e atingindo esporadicamente outros países da região, como a Nigéria (um caso letal foi registrado nesta semana em Lagos, cidade mais populosa desse país), foi causa do estado de emergência internacional declarado pela OMS nesta sexta-feira. O vírus provém de macacos, gorilas e chimpanzés. O morcego da fruta também é um dos “vilões da transmissão” da doença, segundo o professor Migowski.

A transmissão é relativamente fácil, basta o contato com as excreções e a carne dos animais ou contato com pessoas infetadas. Especial cuidado tem que se ter com os fluidos do organismo humano: a urina, as excreções, o suor e outros líquidos corporais da pessoa infetada, que são muito perigosos.

Segundo o infectologista brasileiro, os rituais da religião local também podem favorecer a transmissão da doença. Por exemplo, existe o ritual de dar banho na pessoa que morreu. Isso pode contaminar a água com o vírus, e ato seguido, os indivíduos que tiverem contato com essa água e também os próprios executores do ritual, correm risco elevado de infeção.

O professor destaca que o ebola tem certa semelhança com a febre amarela e a dengue. É uma febre hemorrágica e tem vários tipos (como a dengue). Dos cinco tipos conhecidos do ebola, quatro podem afetar humanos. A diferença entre os tipos está na estrutura. Daí surge uma pergunta que preocupa os médicos: se uma pessoa se curou de um tipo do ebola, poderá ou não padecer outro?


Comentando sobre as vacinas que estão se elaborando, o professor diz que o tempo normal necessário para o teste médico de uma vacina é de cinco a dez anos. Mas, dependendo da situação e do tipo da vacina, se pode reduzir esse tempo. De modo que o caso dos norte-americanos Kent Brantley e Nancy Writebol, que receberam um soro experimental, foi uma exceção.



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