Religião, religiosidade e ética – Por João Joaquim*



“Os sete pecados capitais responsáveis pelas injustiças sociais são: riqueza sem trabalho; prazeres sem escrúpulos; conhecimento sem sabedoria; comércio sem moral; política sem idealismo; religião sem sacrifício e ciência sem humanismo”. (Mahatma Gandhi)

É muito difundido na sociedade e do senso comum que a religião representa não só um sustentáculo para a vida espiritual de uma pessoa, mas também uma referência de conduta e ética. 

Eu penso que todos hão de concordar com esta inclinação e pensamento. Afinal de contas, a Bíblia encerra um compêndio de normas de conduta, normas estas pautadas pela humildade, pela fraternidade, pelo amor e bondade nas relações interpessoais, com os outros seres, com o meio ambiente, com o planeta e com o universo.

Dentro do nosso ordenamento jurídico (brasileiro), uma de nossas cláusulas pétreas da constituição é a liberdade religiosa, inclusive a liberdade de ser ateu ou agnóstico. 

O Brasil é um  Estado laico. E esta laicidade deve estar presente na cultura, nos costumes, nas escolas e em todas as autarquias e repartições públicas. Esta é uma forma magna de liberdade de ideias e expressão.

Opção religiosa, ter preferência por esta ou aquela seita deve ser igual sigla partidária em política. Cada um tem o inalienável direito de simpatizar e se integrar a um ou outro partido ou denominação mística ou religiosa.

Quando olhamos para outros países orientais como Irã, Arábia Saudita e Afeganistão, de religião islâmica, nós, de cultura ocidental, ficamos estupefatos e confusos  com a culminância do fanatismo e fundamentalismo a que chegaram os povos dessas nações. 

Todos sabemos por exemplo da teocracia que é o Irã. Ali existe uma absoluta intolerância religiosa com pessoas de outros credos, inclusive com turistas ocidentais. Deus para eles é  Alá e Maomé o seu profeta. E ai de quem contrariar estes dogmas.

O mundo atualmente anda perplexo pelas práticas criminosas e genocidas dos chamados estado islâmico do Iraque e Síria (Isis)

São grupos terroristas radicais que em nome de uma religião (Islamismo) vem aterrorizando muitos países e perpetrando as formas mais ignominiosas de tortura e crimes contra as pessoas comuns, gente  sem nenhum fanatismo ou sectarismo religioso.

Voltando aqui para nosso mundinho latino americano, onde o Brasil está inserido, mas ainda tão somente na seara religiosa. Aqui temos muitos protestantes, somos maioria católica, poucos judeus e muçulmanos. Vejam o quanto é saudável e reconfortante a convivência pacífica entre as religiões.

A gente nem damos conta de que temos um sem-número de seitas que falam de um mesmo Deus, de Jesus, de Alá, de Maomé. Por exemplo, na Bahia, onde muitas pessoas professam o candomblé que tem como avatar  os seus orixás, míticos ancestrais e outras forças divinas da natureza. 

Ou seja, não importa o nome que  se dê, mas todas as religiões buscam o criador supremo que traga sentido e conforto à vida intima e mística de cada pessoa. E eu raciocino que o bacana da vida é isto. 

Um grande líder e místico que recomendava a convivência pacífica entre as religiões foi Mahatma Gandhi. Ele era hinduísta, mas admirava o islamismo, o cristianismo etc.

Decorre daí a importância que tem a condição de estado laico de nosso Brasil. Uma das liberdades mais lídimas e sagradas de uma nação civilizada. 

Além do direito de expressão e de imprensa, o direto de manifestação religiosa, de arte e de cultura. Neste contexto e para fecho de comentários eu relembro um grande iluminista francês, Molière, que sobre a liberdade de pensamento e expressão cravou esta: 

“Eu posso até não concordar com suas ideias, mas defenderei eternamente o seu direito de expressá-las”. Querem liberdade maior do que esta?   


(João Joaquim, médico e articulista do DM- joaomedicina.ufg@gmail.com)




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