Proposta de Universidade Nova acaba com vestibular e muda currículos por Diógenis Santos


Reitor da Universidade Federal da Bahia (E) diz que vestibular testa memorização e não a capacidade do aluno.
A composição do ensino superior por três ciclos - um bacharelado interdisciplinar, de formação geral; um ciclo de formação profissional específica; e um ciclo de pós-graduação - e o fim do vestibular como forma de ingresso dos estudantes nas universidades são algumas das mudanças previstas na proposta "Universidade Nova".


Essas alterações foram discutidas na tarde desta terça-feira na Comissão de Educação e Cultura, por sugestão da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). De acordo com a proposta o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. De acordo com o curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos. Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam seguir para os cursos de mestrado e doutorado, sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer curso de bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.


Cursos de curta duração


A proposta prevê ainda a criação de cursos superiores de curta duração, que propiciem a formação de "tecnólogo", para aqueles alunos que necessitam de uma formação profissional mais rápida. Para o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Monteiro de Almeida Filho, a nova conjuntura conceitual exige que a universidade faça a articulação dos saberes, por meio da inter e da transdisciplinaridade e de paradigmas alternativos de formação, que resgatem o pensamento complexo.


"Não é possível que a universidade brasileira continue a ser uma instituição inculta."Almeida Filho, um dos articuladores do Universidade Nova, explicou que a proposta apresentada aos parlamentares foi elaborada em conjunto por sete universidades federais (Bahia, Brasília, do ABC, Rio de Janeiro, Pará, Piauí, do Recôncavo da Bahia e Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia). O projeto recebeu o nome de "Universidade Nova" em homenagem ao educador Anísio Teixeira e seu projeto "Escola Nova", realizado na década de 30.


Reforma universitária


Durante a audiência, deputados e palestrantes defenderam a necessidade de uma reforma universitária. Os representantes das universidades, contudo, ressaltaram a importância da autonomia das instituições de ensino na definição dos rumos da reforma. Para Naomar Filho, a responsabilidade pela reforma universitária é das próprias universidades. "A legislação somente dará as condições para isso. "O deputado Rui Pauletti (PSDB-RS) afirmou que a reforma universitária "é necessária e urgente" e citou como exemplos as avaliações feitas por instituições internacionais que não relacionam nenhuma das universidades brasileiras entre as 500 instituições de ensino superior mais importantes no mundo. O reitor da UFBA questionou, entretanto, os critérios usados nessas avaliações e lembrou que há universidades brasileiras reconhecidas internacionalmente por sua qualidade de ensino.




Fonte: Agência Câmara

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