Analistas apontam orientação religiosa de pré-candidatos à prefeitura como um fator importante nas eleições municipais - Por Fábio Mendes


As eleições municipais em São Paulo devem levar, mais uma vez, a religião para o centro dos debates eleitorais. 

A opinião é de cientistas políticas ouvidas pelo Portal da Band. Para elas, o posicionamento contra o aborto e o casamento homossexual pode ser citado durante a campanha, a exemplo do que aconteceu no pleito presidencial em 2010. 

Um dos fatores que podem resultar neste enfoque religioso mais forte é o fato de vários pré-candidatos terem ligações com a igreja católica, casos de Gabriel Chalita (PMDB), Celso Russomano (PRB), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). 

Agenda religiosa

Para a doutora em ciência política da FCL (Faculdade de Ciências e Letras) da Unesp,  Maria Teresa Kerbauy, o debate religioso pode alcançar sua maior intensidade desde a aprovação da Lei do Divórcio, em 1977. 

“A manifestação de religiosidade dos candidatos atende a uma agenda religiosa. Isso colocará em pauta temas como aborto e casamento homossexual”, explica a professora. “Estes assuntos serão fortemente enfatizados, especialmente pelo Chalita”.

A analista destaca que, embora estes pré-candidatos sejam católicos, eles podem angariar forte apoio das correntes evangélicas. “Estas também têm interesse em colocar esses assuntos em pauta”. 

Ainda de acordo com Maria Teresa Kerbauy, os temas religiosos devem correr em paralelo com demandas tradicionais de uma eleição municipal como transporte público, coleta de lixo e obras viárias. “Aborto em casos de anencefalia, por exemplo, também são assuntos de interesse público". 

Pressão das igrejas

A professora do Departamento de Ciência Política da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Maria do Socorro Souza Braga, destaca a força da agenda religiosa em uma eleição, mas ressalta que ela não deve ser apresentada diretamente pelos pré-candidatos. 

“Alguns temas são muitos populares e têm grande peso. Por outro lado, podem dividir o eleitorado”, explica a analista. “Por isso, os candidatos adotarão esse discurso, mas de forma mais cautelosa”. 

A professora explica que os pré-candidatos serão pressionados a se manifestar em relação a assuntos como o aborto e o casamento gay. “Alguns ficarão em cima do muro, mas terão de se mover com a ajuda da Igreja Católica, das correntes evangélicas ou mesmo da mídia”, explica. 

Maria do Socorro diz que o enfoque em temas religiosos se tornou comum nos últimos anos e destaca as duas últimas eleições presidenciais. “Os candidatos foram obrigados a se manifestar contra ou a favor do aborto ou o uso de células tronco. Isso com certeza acontecerá novamente este ano”.


Comentários

Dirceu Ilha disse…
Acho estranho numa eleição municipal serem adotados os temas sobre o aborto ou o casamento gay. São questões de esfera federal e não municipal

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