Se religião nos leva à desarmonia, é melhor então ficarmos sem ela – Por José Reis Chaves

É de santo Agostinho a definição de religião. 

Segundo ele, essa palavra deriva-se do verbo latino “religare” (religar). Então, religião é o que nos liga de novo a Deus, do qual nos afastamos, usando mal o nosso livre arbítrio. Não é, pois, por causa da doutrina do chamado “pecado original”, que respeito, mas porque nós mesmos pecamos desde que nós, pela evolução, nos tornamos espíritos humanos, ou seja, o Homo sapiens, homem inteligente, dotado de livre arbítrio e responsável, pois, pelo que faz ou deixa de fazer.

De um modo geral, direta ou indiretamente, as religiões, principalmente o cristianismo, pregam o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Esse é o grande e o primeiro mandamento. O segundo, semelhante a esse, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22: 37 a 40).

Amar a Deus parece ser muito fácil, pois quem diria não O amar? Mas não é, pois o amor a Deus depende do nosso amor ao nosso semelhante, que tem que ser igual a nós mesmos. 

“Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisso conhecereis todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13: 34 e 35). É isso, realmente, que caracteriza o verdadeiro cristão. Não são, pois, as crenças e os rituais que fazem do indivíduo um cristão.

E vejamos outro exemplo esclarecedor do ensino do excelso Mestre: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo” (Mateus 5: 23 a 26).

Nesse texto evangélico do Sermão da Montanha, ou das Bem-aventuranças, está a essência da Bíblia, do cristianismo, enfim, da mensagem que o Mestre dos mestres veio trazer de Deus para nós. E ela não é para o bem de Deus, para Ele ficar mais feliz e em melhor situação, mas para o bem e felicidade de nós próprios.

Ela nos ensina, ainda, que estarmos bem com o nosso próximo é melhor do que estarmos fazendo ofertas a Deus, que não precisa delas e de nada de nós. Ensina-nos também a grande verdade da lei de causa e efeito, ou seja, da semeadura livre e da colheita obrigatória do que foi semeado. 

E ainda podemos concluir dela mais a grande verdade não ensinada pelos líderes religiosos: a de que só pagamos o que devemos, e nada mais. Pago o último centavo de nossa dívida, estaremos, pois, quites. E isso derruba por completo, e de modo claro e inquestionável, as chamadas “penas eternas” oriundas das interpretações bíblicas erradas dos teólogos e exegetas do passado.

E o pior é que eles, teimosamente, continuam nos seus erros. Daí as grandes desarmonias entre cristãos, muitos dos quais, com razão, até estão se tornando pessoas sem religião!


Embora eu não concorde com algumas ideias do autor, recomendo o livro: “Jesus é Maior que a Religião”, de Jefferson Bethke, da Ed. Thomas Nelson Brasil, Rio de Janeiro (RJ). 






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