Fórum Econômico Mundial discute extremismo religioso - Por Leiliane Roberta Lopes



O evento reuniu representante cristão, judeu e muçulmano em Davos.

O Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, realizou na última quarta-feira (21/01) uma sessão exclusiva sobre religião onde lideranças políticas e religiosas discutiram sobre a violência, o extremismo e a liberdade de expressão.

O encontro teve a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair; do rabino David Rosen, do Comitê Judaico Americano; do clérigo muçulmano Hamza Yusuf Hanson, especialista em Islã e do arcebispo sul-africano Thabo Makgoba Cecil.

Motivado pelos ataques em Paris, o encontro não falou apenas sobre as mortes na sede da revista Charlie Hebdo, lembrando também dos conflitos motivados pelo extremismo religioso no Oriente Médio, Nigéria e República Centro-Africana.

Blair lembrou de casos de extremismos antirreligiosos como o comunismo e o fascismo. “O extremismo não é um fenômeno recente, tivemos o extremismo no século 20, através do comunismo e do fascismo, que eram ambas ideologias profundamente antirreligiosas”, disse o britânico.

Enviado especialmente para negociar a paz no Oriente Médio, Tony Blair entende que a religião não é a causa do conflito, mas sim a perversão da religião que seria o islamismo radical. 

“Não é a religião em si que causa conflito. No entanto, hoje, a ideologia que é mais ameaçadora para a nossa segurança é uma ideologia baseada em uma perversão da religião”.

O clérigo muçulmano Hamza Yusuf Hanson concordou com o ex-premiê britânico e deixou claro que o islã tradicional era “uma das religiões excepcionais que permite que outras religiões vivam pacificamente em seu meio”.

O rabino, por sua vez, declarou que a religião foi desviada para manipular as pessoas e isso tem gerado violência. “Agora que nos sentimos ameaçados, é natural e desejável nos voltarmos para a religião”.

Liberdade de expressão X Decência

Os ataques à revista francesa foram motivados por conta das constantes caricaturas de Maomé que estampavam a publicação. Na religião é proibido representar o profeta e os desenhos da Charlie Hebdo sempre traziam sátiras que zombavam do líder religioso que fundou o islã.

Hanson, considera que o trabalho da publicação ultrapassava a liberdade de expressão. “Esta é uma absoluta falta de civilidade e decência”, disse. 

“Você pode condenar e criticar a religião, não há nenhum problema nisso, mas você não pode ridicularizar pessoas e desrespeitá-las”, completou o muçulmano.

O arcebispo Thabo Makgoba Cecil pediu para que figuras públicas não se posicionem a favor e nem contra a revista para evitar “expressões que fazem o buzz”, pedindo para que as autoridades tentem entender por que o fenômeno de radicalização aconteceu na França.

Para a agência AFP o rabino comentou que insultar a religião é pior que um insulto racial, enquanto que Tony Blair propôs a educação para combater o islamismo. “O extremismo não é natural, é algo que é ensinado e deve ser removido dos sistemas de ensino”, disse ele.

O arcebispo sul-africano afirmou que tem fé e que o terrorismo não vai amedrontar a população mundial. “De um total de mais de 6 bilhões de seres humanos no mundo, há apenas um punhado de terroristas, não nos deixaremos aterrorizar por esta minoria”.

Para combatê-los, o católico sugere o amor e a liberdade. “A liberdade e o amor são valores-chave, e se os defendermos poderemos transcender a violência”.






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