Retaliação yazidi. Minoria vinga-se de vizinhos árabes em Sinjar


Minoria religiosa acredita que os sunitas ajudaram os terroristas do Estado Islâmico nos ataques à região do Norte do Iraque.

De volta ao monte Sinjar, no Norte do Iraque, após meses sob o controlo do autodenominado Estado Islâmico, alguns yazidis estão a vingar-se dos árabes residentes na região por suspeitarem que os sunitas ajudaram os jihadistas nos ataques àquela minoria religiosa a viver no Iraque.

Várias fontes contaram à agência Reuters que, nas últimas duas semanas, grupos de yazidis armados revistaram quatro aldeias em Sinjar e mataram 21 árabes sunitas. Outros 17 estão desaparecidos. 

"Foi um acto de vingança", disse à Reuters Dhafer Ali Hussein, residente de uma das aldeias afectadas. "O objectivo deles é expulsar os árabes da área para que só permaneçam yazidis: eles querem mudar o mapa". 

Durante os ataques, os yazidis incendiaram casas e levaram os pertences, como eletrodomésticos, carros e joias, alegando que os mesmos lhes tinham sido roubados durante o ano passado. 

Numa altura em que os yazidis começam a voltar à sua região de origem no Norte do Iraque, várias valas comuns estão a ser descobertas com corpos que se pensam ser das vítimas da violência dos jihadistas, que controlaram a área desde Agosto até ao final do ano passado. 

Muitas pessoas foram mortas, outras capturadas e feitas escravas por militantes sunitas, que acreditam que os yazidis são devotos do diabo. A incursão jihadista conseguiu dividir as duas comunidades que coexistiram no mesmo local durante décadas. 

Os yazidis acreditam que muitos árabes de aldeias vizinhas participaram na “tentativa de genocídio”. Os residentes sunitas defendem-se admitindo que alguns árabes juntaram-se ao Estado Islâmico mas fugiram ou foram mortos quando as forças peshmergas curdas libertaram o monte Sinjar das mãos do Estado Islâmico.


A religião yazidi é pré-cristã e mistura elementos de várias tradições religiosas, sobretudo o Zoroastrianismo, que já foi a religião maioritária na antiga Pérsia, mas com elementos do Islão e também do Cristianismo. 

Acreditam num Deus criador, mas consideram que ele colocou a Terra sob a guarda de sete anjos, o principal dos quais é Melek Taus, conhecido também como o Anjo Pavão.




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