Católicos chineses são vítimas de perseguição religiosa – Por Luiza Duarte




A China tem hoje cerca de 12 milhões de católicos, mas as igrejas não estão subordinadas ao Vaticano.

Esta sexta-feira da Paixão é uma datas mais importantes da tradição católica e um feriado celebrado em diversos países, mas em alguns eles, os fiéis católicos ainda são vítimas de perseguição. O último relatório anual norte-americano sobre a liberdade religiosa no mundo acusou a China de realizar "violações sistemáticas".

Já o relatório da organização em defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, também referente a 2014, denuncia a campanha de grande escala na província de Zhejiang contra as igrejas, sob o pretexto de corrigir estruturas que infringiam normas de construção. As autoridades retiraram crucifixos e demoliram edifícios. Praticantes de cultos cristãos continuam sendo perseguidos, conclui o documento.

Há duas semanas, a polícia chinesa prendeu dois padres na cidade de Mutanjiang, noroeste do país. Shaoyun Quan, 41 anos, e Jianyou Cao, 43 anos, tinham acabado de celebrar uma missa. Ambos pertencem a uma das comunidades religiosas não reconhecidas pelo Ministério de Assuntos Religiosos da China. Essas atividades sem o controle do Estado são consideradas ilegais e praticantes podem ser detidos por “atividade criminosa”.

12 milhões de católicos

Na China, há cerca de 12 milhões de católicos, as igrejas não estão subordinadas a autoridade do líder da Igreja Católica. O Movimento Patriótico das Três Autonomias (MPTA), o Conselho Cristão da China e a Associação Patriótica Católica Chinesa, organizações vinculada ao governo, respondem pela prática católica no país e esta última nomeia os bispos locais sem o consentimento papal.

A Santa Sé e a China não possuem relações diplomáticas desde 1951, depois da chegada ao poder do Partido Comunista Chinês. Em janeiro, o Cardeal Pietro Parolin, o secretário de Estado do Vaticano, felicitou avanços nas negociações e disse que esta é uma fase positiva, mas as tensões entre o governo chinês e o Vaticano persistem. Nenhum esboço de acordo foi anunciado.

Semana Santa

Em Pequim, Xangai e em outras cidades chinesas, estão sendo anunciadas missas neste domingo de Páscoa. Muitas delas são em inglês e reservadas apenas a estrangeiros. A entrada fica condiciona a apresentação de passaporte. Isso ocorre, quando a igreja não possui o registro de organização religiosa concedido pelo governo chinês.

Caso emblemático, a prisão do bispo Shi Enxiang na Páscoa de 2001 continua sem esclarecimento, mas está longe de ser um episódio isolado. Dom Shi teria morrido em janeiro, aos 94 anos, depois de passar 14 anos na prisão. O bispo nunca aceitou renegar o Vaticano e era contrário a nominação de autoridades religiosas pelo governo chinês. Membro da Igreja considerada clandestina por Pequim, sua história é inspiração para muitos que continuam a pregar na clandestinidade.

Já em Hong Kong, região administrativa chinesa e ex-colônia britânica, mesmo tendo um reduzido número de cristãos, a Sexta-Feira Santa é marcada com feriado. Celebrações de Páscoa acontecem sem restrições, embora sejam pouco populares.



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