Islamismo cresce na periferia de São Paulo - Por César Rosati



Muçulmanos que vivem em áreas carentes do Brasil reclamam de discriminação e intolerância religiosa.

Elaine Novais Braga conheceu o Islã há dois anos graças à influência de um colega de trabalho. Aniza Zafira, como prefere se chamada, é gestora cultural em uma associação na Favela Cultura Física, em Embu das Artes, na Grande São Paulo.

Marcada por uma juventude difícil em Paraisópolis, uma das maiores comunidades da América Latina, ela conta que se separava do pai do filho dela, usuário de drogas, quando decidiu buscar uma religião. 

No Islã, ela reza cinco vezes ao dia sempre em direção a Meca, a cidade sagrada para os muçulmanos. Antes do culto, Anisah se 'purifica' lavando seu o corpo em um ritual ablução.

No Brasil, segundo o Censo mais recente, divulgado em 2010 pelo IBGE, há cerca de 30 mil fiéis. No entanto, segundo a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, esse número saltou de 600 mil, há cinco anos, para um milhão atualmente.

A maioria das pessoas da comunidade islâmica no Brasil é de origem árabe e vive em bairros de classe média, mas uma parte dos novos adeptos está em regiões carentes como as visitadas pela reportagem CBN. 

O fenômeno chama atenção do mundo acadêmico. A professora Francirosy Barbosa Ferreira estuda o islã há 17 anos e diz que a religião tomou uma característica brasileira. ‘Acho que houve uma identificação principalmente com esses movimentos reinvindicatórios, dessa construção de identidade.’

Elaine Novais Braga ainda não sabe falar o árabe. Por isso, reza, na maioria das vezes, com outros religiosos. Mora em Embu das Artes com o filho. Prefere a comunidade da Grande São Paulo, pois diz que ali é mais respeitada. De acordo com Elaine, o Islã já trouxe alguns problemas, mas isso não abalou sua fé.

A intolerância também já afetou a vida de Geizianne Guedes. Moradora do Jardim Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, ela se converteu ao Islã há quatro anos. Conheceu o Alcorão enquanto estudava para ser freira em um convento. Foi um amigo seminarista que entregou a ela o livro sagrado para os muçulmanos.

Sarah Ghuraba, como prefere ser chamada, deixou o convento e hoje não abandona o véu que só deixa o rosto da jovem de 27 anos a mostra. Sempre que possível se dedica a difundir a palavra do profeta Maomé.

A internet é a principal ferramenta usada por Sarah que mantém um blog sobre o assunto. A ideia é vencer o preconceito, apontado como o pior problema para um muçulmano no Brasil.






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