Nem todos os islamitas são contra os cristãos - Por Pe. Cunha Sério


Infelizmente, a história tem registado, através de alguns séculos e de variadas regiões, excessivas guerras entre os homens provocadas por diversos motivos entre os quais aparecem também pretextos religiosos. 

Apesar da moralidade básica da terra inteira aceitar como regra elementar o “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, ainda hoje, em tempos de fáceis contactos entre os habitantes do mundo, testemunhamos abundantes conflitos religiosos.

Noticiam os órgãos de comunicação social as lutas aparecidas entre várias tribos muçulmanas ou mesmo entre os discípulos de Maomé e outras crenças, nas quais se misturam desejos de comandar o orbe e dominá-lo, em função da unidade religiosa, em nossos dias, sob o domínio do islamismo perspectivado através da seita mais poderosa que nele existe.

Apesar de, na história do cristianismo, se encontrarem também muitos factos de pouco entendimento entre os seus adeptos e não só entre eles como ainda entre outras religiões, nos últimos anos, o empenho, nos meios católicos, sobretudo depois do Concílio Vaticano II, dita-nos normas que, bem seguidas, assegurariam a paz religiosa de toda a humanidade.

Na Declaração sobre a Igreja e as Religiões não-cristãs, podemos ler regras sobre o relacionamento entre todas as religiões. 
E como, nestes dias, o que está causando maior perturbação na sociedade são as gentes maometanas, fixemo-nos nas palavras referentes a esta crença: 

“A Igreja olha também com estima para os muçulmanos. Adoram eles o Deus único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra que falou aos homens e a cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca”. 

Depois de lembrar as discórdias e os ódios que tem havido entre cristãos e muçulmanos, no decorrer dos tempos, surge um estímulo a impulsionar a paz recíproca: “Este Sagrado Concílio exorta todos a que, esquecendo o passado, sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais, a paz e a liberdade para todos”.

Poderíamos citar outras exortações onde se relembra a universalidade do desígnio da salvação, pois Deus é Pai de todas as pessoas mesmo daquelas que O não conhecem, pois por todos enviou como Salvador o seu Filho Jesus. A grande maioria dos islamitas vai-se insurgindo contra estas discórdias e lutas e defendem até os perseguidos.

Vários exemplos vão-se registando, apontados também nos noticiários, alguns bem dignos de serem modelo para nós. A ênfase dada a outros factos belicosos, pois, hoje, o que interessa aos olhares curiosos das multidões vêm a ser as coisas mais aguerridas. Os usos da imprensa pretendem excitar curiosidades e por isso...
Permitam-me reproduzir uma notícia de Abril à qual entre nós se deu pouco relevo: 

“Havia também um muçulmano, juntamente com vinte e oito cristãos etíopes mortos na Líbia pelo Estado islâmico mostrado no último vídeo horrendo, divulgado no domingo passado pelos jihadistas. O seu nome era Jamaal Rahman, assassinado por se ter recusado a abandonar o amigo cristão com quem ele estava fazendo uma viagem para a costa da Líbia, com intenção de chegar à Europa (...) Um jornal ‘online’ do Somaliland explicou que o homem teria sido convertido durante a viagem, enquanto que outra fonte afirma que Jamaal, num gesto “louco”, se teria oferecido voluntariamente como refém, para não deixar sozinho nas mãos da milícia do Estado Islâmico um companheiro cristão de viagem, talvez esperando que sua presença poderia mudar o destino dos outros reféns”. 

Depois de confirmada a notícia deste corajoso e valente indivíduo, surgiu, nas redes sociais, uma forte onda na qual muitos muçulmanos etíopes compartilham a foto que o mostra, identificando-o com a verdadeira face do Islão, por contraste com a loucura do Estado Islâmico.

Não julguemos ser esta morte o único exemplo de bondade dos seguidores do islão. O comentador da notícia afirma: “A história de Jamaal assemelha-se à de Mahmoud Al ’Asalim, um professor universitário de Mossul que, aquando da ocupação da cidade pelo Estado Islâmico, se manifestou publicamente contra a expulsão dos cristãos, acabando por ser morto também”.

Não poderemos deixar-nos confundir com os dizeres repetidos exaustivamente a pretender estimular guerras e discórdias entre os homens, mas temos de recordar continuamente quanto afirma a doutrina da Igreja: “ser Deus o Pai de todos os homens mesmo que sejam de religiões não cristãs”.






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