Liberdade religiosa no mundo está a piorar, diz comissão norte-americana - Por Isabel Pereira


A maioria dos países de preocupação encontram-se em África, Médio Oriente e sudeste asiático, mas há temas polémicos na Europa Ocidental que merecem a atenção da comissão americana para a liberdade religiosa internacional.

A liberdade religiosa no mundo está a piorar a olhos vistos, segundo uma comissão norte-americano que monitoriza ameaças e violações deste tipo em todo o mundo.

Na maioria dos países supervisionados pela comissão a situação piorou, explicou, segunda-feira, o presidente da comissão, Robert P. George, durante a apresentação do relatório anual, em Washington.

“Na melhor das hipóteses, nos países que cobrimos, as condições de liberdade religiosa não melhoraram. Na pior das hipóteses pioraram muito”, afirmou, citada pelo Religion News Service.

A Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) é um organismo governamental independente que todos os anos produz um relatório e faz recomendações ao Departamento do Estado sobre que países devem ser colocados numa lista negra reservada a violadores da liberdade religiosa. O Departamento do Estado pode, depois aceitar ou ignorar estas recomendações.

Há vários anos que a lista negra não sofria alterações, sendo composto pela Birmânia, China, Eritreia, Irão, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Sudão, Turquemenistão e Uzbequistão. Recentemente, porém, foi adicionado um décimo país, o Tajiquistão.

A USCIRF recomenda, contudo, que sejam também acrescentados o Egipto, a República Centro-Africana, o Iraque, a Nigéria, o Paquistão, a Síria e o Vietname. Dos países recomendados em 2015 apenas o Chipre e o Sri Lanka deixaram de constar, pelas suas situações terem melhorado.

Da China ao Irão

Falando dos principais problemas detectados pela comissão, Robert P. George falou da detenção de prisioneiros de consciência, apontando como exemplo a China, onde foram detidas várias pessoas que se opõem a uma campanha estatal para remover cruzes do exterior de igrejas e ainda o Irão, onde sunitas, cristãos e membros da religião Bahá’í sofrem repressão às mãos do Estado. 

O Paquistão é outro exemplo dado pela comissão, com mais pessoas condenadas à pena de morte por blasfémia do que em qualquer outro país.

Para os membros da comissão, a América não pode nem deve separar o combate pela liberdade religiosa dos seus esforços na luta contra o terrorismo, nomeadamente no que diz respeito à perseguição de cristãos e outras minorias religiosas em países do Médio Oriente, como o Iraque e a Síria. 

“O público americano precisa de entender que esta é verdadeiramente uma luta de ideias. Proteger os nossos interesses significa promover os nossos valores, incluindo a nossa crença na liberdade religiosa”.

O relatório publicado na segunda-feira passada não inclui qualquer referência a Portugal, mas há um capítulo dedicado à Europa Ocidental.

Véus, abate ritual e circuncisão

A comissão realça situações como o aumento do anti-semitismo e a violação da liberdade religiosa de muçulmanos em alguns países que proíbem vestes associadas à religião, como o véu islâmico em países como França e Bélgica.

As campanhas contra a circuncisão por motivos religiosos e também contra o abate de animais de acordo com normas religiosas, que afecta judeus e muçulmanos, também merecem a preocupação do grupo.

Há ainda uma secção dedicada a problemas de objecção de consciência. É referido o caso de famílias na Alemanha que foram multadas e perseguidas por optarem por educar os seus filhos em casa, em vez de os mandar para escolas estatais, sendo que pelo menos uma procurou asilo nos Estados Unidos quando o Estado ameaçou retirar-lhes os filhos.






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