Igreja veta presença de padres na política partidária - Por Zózimo Tavares


Os religiosos católicos, especialmente os padres, sempre tiveram uma participação efetiva na atividade político-partidária. A contribuição deles à política é significativa, sobretudo no período da ditadura. 
No Nordeste, talvez o caso mais emblemático de sacerdote político seja o do padre Cícero Romão Batista, primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, vice-governador do Ceará e deputado federal.
Em Natal, atualmente, é tão grande o número de padres picados pela mosca azul que o arcebispo, dom Jaime Vieira da Rocha, se viu obrigado a divulgar nota proibindo-os de disputar cargos eletivos. Além de proibir os padres de se lançarem candidatos, o arcebispo de Natal também decidiu vetar a filiação deles em partidos políticos.
Em fevereiro passado, os Bispos do Piauí, membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Regional Nordeste IV, lançaram nota determinando que os padres se afastem da política. 
Os bispos justificam: “Os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos” (Bento XVI, Visita ad limina 2009).”
No Piauí, muitos religiosos tiveram militância política. Um deles foi o padre Solon Correia de Aragão, deputado estadual na década de 60 do século passado. Outros vieram a assumir prefeituras. A rigor, a passagem dos padres pela política partidária tem sido desastrosa. Houve casos de cassação de mandato e até de prisão de prefeito-padre.

O novo arcebispo de Teresina, dom Jacinto Brito, empossado no mês passado, manifestou-se contrário à presença de padres na política como candidatos. Ele entende que esse espaço social e político deve ser ocupado pelos leigos. Na Arquidiocese de Teresina, não se tem notícia de nenhum padre disposto a concorrer às próximas eleições.

O engajamento do sacerdote na atividade político-partidária é temerário para o clero. Quando ele se filia a um partido, obriga-se a defender a bandeira de um grupo político. Invariavelmente, vai às últimas consequências, pois a política é apaixonante. Nisso, o religioso acaba esquecendo que sua missão é cuidar de todos.


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